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A MECÂNICA DA SALVAÇÃO

A MECÂNICA DA SALVAÇÃO

O calvinismo.

Definição:

Destinar com antecipação o destino humano. Segundo João Calvino, a predestinação resulta da soberania de Deus que, desde a mais remota eternidade, já havia predestinado os que usufruirão da vida eterna. Infere-se deste princípio, que o mesmo Deus também predestinou os que serão lançados no lago de fogo. No entanto, levando-se em consideração Jo 3.16, assim podemos entender a doutrina da predestinação:

A predestinação é universal. Ou seja: Deus, em seu profundo e inigualável amor, predestinou todos os seres humanos à vida eterna. Ninguém foi predestinado ao lago de fogo que, conforme bem acentuou Jesus, fora preparado para ao Diabo e seus anjos.

Mas o fato de o homem se predestinar à vida eterna não lhe garante a bem-aventurança ao lado de Deus. É necessário, pois, que ele creia no Evangelho. E, assim, será havido por eleito. Por conseguinte, a predestinação é universal; e a eleição é particular.

 

A predestinação e o fatalismo encerram, a ideia do destino. É interessante como esta ideia está presente nas culturas religiosas mais antigas de que se tem conhecimento.

 

Termos gregos relacionados à predestinação:

Proorizó: Usada quando Deus é o sujeito. Expressa o pensamento de determinar uma situação para uma pessoa com antecedência ou vice-versa (Rm 8.29).

Protassó: Arranjar com antecedência (At 17.30).

Protithemai: Propor (Ef 1.9).

Prothesis: Propósito, plano (Rm 8.28).

Proetomazó: Preparar com antecedência (Rm 9.23).

Procheirrizó: Nomear de antemão (At 10.41).

Procheirotoneó: Escolher de antemão.

Problepó: Prever (Gl 3.18).

Prognóskó: Conhecer de antemão (1 Pe 1.20).

 

Na prática, aqueles que advogam a doutrina da predestinação, traduzem todos esses versículos e inúmeros outros que têm os mais diversos significados, forçando interpretações que dão margem à crença de que Deus escolheu ou elegeu algumas pessoas para a salvação e outras não.

Algumas matizes da doutrina da predestinação:

Reprovação ativa: Assim como Deus elegeu a alguns, também rejeitou ativamente a outros (baseada em Romanos 8).

Predestinação condicional – infralapsarianismo: Deus só predestinou após a queda, levando em consideração, por Sua presciência a atitude do ser humano em face da tentação. Como já sabe quem vai se salvar, elege a estes para Seu povo. Por aceitar a Cristo como Salvador é que o ser humano se torna eleito.

Uma vez salvo, salvo para sempre: A eleição decorre da identificação do pecador redimiu com a obra do Filho eterno de Deus. Depois de aceitar Jesus como Salvador, o ser humano tem a salvação garantida para sempre. Torna-se um “escolhido” e Deus jamais permitirá que se perca (Jo 10.27-29; Rm 11.29; 2 Tm 1.12).

 

Análise da predestinação:

História:

A questão da predestinação quase não aparece nas discussões teológicas da Igreja nos primeiros séculos. A igreja primitiva aceitava com tranquilidade o livre arbítrio.

Foi Agostinho (cerca de 400 d.C) bispo de Hipona, que a partir da controvérsia com Pelágio, pregador irlandês, acerca da doutrina da salvação, criou a doutrina da predestinação.

Após a Reforma Protestante, incendiada por Lutero e Calvino, a controvérsia sobre a predestinação foi reacendida.

Lutero não defendia o livre arbítrio, mas não aceitava a doutrina da predestinação.

Eis a tese de Calvino: “Denominamos predestinação o decreto eterno de Deus, pelo qual decidiu o que acontecerá a cada homem. Pois não foram criados nas mesmas condições: alguns são predestinados à vida eterna, enquanto outros à condenação eterna. E uma vez que o homem é criado para alcançar um destes alvos, dizemos que é predestinado à vida ou à morte” – Institutas 111.21.5

 

Argumentos contrários à predestinação:

Presciência não é preordenação ou predestinação. O fato de Deus saber o que vai acontecer não significa essencialmente que Ele determinou que assim fosse.

Por outro lado, preparar com antecedência, escolher antecipadamente ou planejar algo para uns não implica em excluir outros.

Anula a obra redentora de Cristo: O ser humano não pode responder, de si mesmo, ao apelo do Salvador (At 20.28; Mt 1.21; Jo 1.12).

Elimina o julgamento do ser humano: Como o ser humano pode ser culpado ou absolvido de algo que lhe foi determinado e que não dependeu da sua vontade? (Hb 9.27; Mt 24.45,46; 25.21)

Maldade de Deus: A predestinação seria um ato de maldade de Deus em duplo aspecto: primeiro, porque sacrificou o Seu Filho sem necessidade, já que os que iriam ser salvos estariam predestinados; segundo que, podendo salvar a todos, Deus não o quis, preferindo destinar milhões e milhões, por Sua expressa vontade, ao fogo do inferno (Lc 19.10; At 16.10; Rm 10.13; Jd 23).

Invalida a perseverança:  Se uma vez salva, a pessoa está salva para sempre, então o crente não tem mais nada a fazer, e a perseverança cristã é apenas figura de retórica (Mt 24.122-13; Co 1.23; 1 Tm 6.20,21; Rm 9.6; 1 Jo 2.6-9; Hb 10.35-39; Ap 3.1-3).

Não considera o amor de Deus (Jo 3.16).

Não considera o amor de Jesus Cristo (1 Jo 3.16).

Dispensa a graça de Deus: O pecador necessita da graça de Deus, sem a qual nada pode fazer. Entretanto, pode resistir a ela. A doutrina da predestinação dispensa essa graça, uma vez que o pecador está irremediavelmente condenado. Se for um “predestinado à salvação” também a graça de Deus não terá sentido na sua vida. Se ela aconteceu, foi apenas no “decreto” que o elegeu, sem que tenha tomado dele conhecimento (Rm 3.24; 5.20; 1 Co 15.10; 2 Tm 2.1).

Contraria o espírito das Escrituras: A doutrina da predestinação é contrária ao espírito da Bíblia, porque torna sem efeito o Evangelho, destrói o amor e ao bem, nulifica a santidade, acaba com a ética, sacraliza qualquer tipo de comportamento e coloca em Deus toda as culpas, responsabilizando-O pelo flagelo humano.

Confunde desejo e realidade: Porque o Criador iria desejar que somente alguns fossem salvos? A vontade de Deus é que todos sejam salvos e por isso coloca à disposição de todos a Sua graça. Na realidade, somente os que aceitam os meios de salvação oferecidos podem recebê-la (At 13.43; 18.27; Rm 5.20; 16.24). O desejo de Deus em eleger um povo não necessariamente determina os indivíduos em particular que formarão esse povo, antes mesmo desses indivíduos nascerem (Lc 9.56; Jo 3.16-17; At 2.21; 7.25; Rm 11.14).

Desmente a doutrina da queda: Se a predestinação é um decreto anterior à criação, como alguns predestinistas afirmam, então a queda não existiu de direito; foi apenas um fato ilustrativo. Se a predestinação se deu após a queda, conforme outros afirmam, aí a queda não tem importância alguma na história da salvação (Gn 3; Rm 5.12; 8.3; 1 Jo 3.5).

Deus não faz acepção de pessoas. Se Deus é justo, amoroso e imparcial, por que faria acepção de pessoas antes mesmo de terem nascido, sem lhes dar oportunidade alguma? Escolher algumas pessoas para missões e situações específicas não significa escolhê-las para serem salvas. Deixar de escolher outras para situações semelhantes, não significa também escolhê-las para a perdição (Dt 10.17; Jó 34.19; At 10.34; Ef 6.9; 1 Pe 1.17).

 

O arminianismo.

Definição: Elaborado pelo teólogo reformado holandês Jacó Armínio, esta doutrina contraria o princípio calvinista da predestinação.

 

Declaração: ensina que até mesmo as pessoas genuinamente regeneradas podem vir a perder a salvação, por esta condicionada à perseverança do crente,

 

A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO

Definição: Sustenta esta doutrina que os crentes, verdadeiramente regenerados, jamais perderão a salvação. Este ensinamento acaba por resvalar na predestinação incondicional apregoada por Calvino. Na Bíblia, porém, a nossa segurança acha-se condicionada: “Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida”. Embora haja segurança quanto à salvação, somos exortados a guardar nossa coroa para que ninguém no-la tome.

 

Declaração teológica: A salvação é eterna para os que obedecem (Ez 33.13,18; Jo 15.6; Rm 11.21,22; Hb 3.14; 5.9; 2 Pe 2.4,5 – ARA).

 

Evidências da salvação na vida cristã.

O testemunho do Espírito Santo no nosso íntimo (Rm 8.16).

O testemunho da Palavra (At 16.31; 1 Jo 5.13)

O testemunho da mudança ocorrida na vida (2 Co 5.17). “Aquele que furtava, não furte mais” (Ef 4.28)

O testemunho da nossa consciência (Rm 2.15; 1 Jo 3.19-21).

O testemunho dos frutos produzidos (Mt 3.8; 7.20)

O testemunho da aversão ao pecado (1 Jo 3.9 ARA).

O testemunho da observância da doutrina bíblica (2 Jo vv 9,10)

O testemunho do amor fraternal (1 Jo 3.14; 4.7). É o amor para com os irmãos na fé, imprescindível na promoção do reino de Deus. É a principal evidência do novo nascimento (Jo 13.55).

O testemunho da vitória sobre o mundo (1 Jo 5.4). Esse versículo comprova que o mundo conspira contra o crente para derrubá-lo. Mas, por Jesus, o crente vence o mundo tenebroso e ilusório. Não basta o mundo estar “crucificado” para o crente; este também precisa estar “crucificado” para o mundo (Gl 6.14)