A Epístola de Paulo à Filemon
ONÉSIMO: A EMANCIPAÇÃO DA ESCRAVIDÃO
Esta é a mais pessoal das cartas de Paulo
Um Manual sobre a Arte de se Relacionar
“De toda a correspondência particular do apóstolo Paulo, somente esta carta tem sido conservada: é uma jóia” – Robert Lee
“As amizades terrenas persistirão pela eternidade” (15)
INTRODUÇÃO
Uma carta de explicação foi altamente desejável para informar Filemom do fato de que, na opinião de Paulo, Onésimo se tinha arrependido deveras, e também para facilitar uma reconciliação completa entre senhor e escravo. Felizmente, a epístola tem sido preservada, como único exemplo que ainda existe, de muitas cartas particulares que Paulo, sem dúvida, escreveu, e esta única carta lança valiosa luz sobre seu caráter e sua maneira de pensar.
Esta carta não é um ataque contra a escravatura como tal, e, sim, uma sugestão de como senhores e escravos cristãos podiam vivenciar sua fé dentro do regime iníquo da escravatura. O espírito da carta tenta contra as próprias raízes do sistema. Pregar amor fraternal entre senhor e escravo, no fim das contas, faz da escravidão uma incoerência. Se a abolição da escravatura tivesse sido mensagem política naqueles dias, poderíamos supor que o apóstolo teria sido abolicionista. Entretanto, a política de então não visava a tamanha mudança, e Paulo não podia ter previsto a abolição do sistema num mundo tão perverso. Porém, pela providência divina, a abolição foi finalmente realizada, e nisto a influência desta epístola desempenhou grande papel.
Portanto, a epístola não deve ser considerada parte de uma campanha política organizada por Paulo, nem como espécie de propaganda subversiva contra a instituição da escravidão. Ele não se preocupa aqui com as considerações dos aspectos positivos ou negativos do sistema, mas com o bem-estar espiritual de Filemom e Onésimo, e a promoção da fraternidade cristã entre eles. Se Paulo não pugna especificamente contra a escravidão, muito menos procura defendê-la. Paulo ensina que os servos cristãos devem respeitar os direitos dos seus senhores, de acordo com as leis daqueles dias (cfr. Ef 6.5 e segs.).
A Epístola de Paulo à Filemon
• Autor: Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus (1.1)
• Data: 60 A.D
• Local: A carta foi escrita em uma prisão (9,10,13), da qual o apóstolo Paulo espera ser liberto em pouco tempo (22). Podemos pensar aí na primeira vez em que Paulo esteve na prisão em Roma, mas Cesaréia também é uma possibilidade. Se foi escrita em Roma, isso possivelmente aconteceu nos anos 58-60; se em Cesaréia, nos anos 55-57.
• Destinatário: Filemon era um cristão de Colosso, dos convertidos de Paulo, pessoa abastada. Em sua casa reunia-se uma igreja. Parece que ele e Paulo eram amigos íntimos. É provável, embora não se tenha notícia, que Paulo visitou Colossos durante seus três anos de estada em Éfeso (At 19).
(1) Afia: Era provavelmente, esposa de Filemon (2)
(2) Arquipo (2). Sem dúvida, era pastor da congregação.
(3) Onésimo: Significa útil (11).
(4) Epafras (23): Era um colossense, preso em Roma.
• Conteúdo: Essa carta tão pessoal do NT nos dá uma idéia sobre a ética social do apóstolo Paulo. Em todas as suas cartas lemos que a justificação dos ímpios, com base na graça de Deus pela fé, leva à ação que vem do amor. Mas até que ponto vai essa ação que vem do amor? Será que abrange somente a dedicação pessoal do cristão ao próximo ou também leva à modificação de estruturas sociais injustas?
• Gênero:
(1) O Humor de Paulo:Esta é uma carta pessoal do apóstolo Paulo, escrita com calor humano e também com uma boa dose de humor. Surpreende-nos o fato de que Paulo não trata essa questão tão séria com uma linguagem mais série e dura, mas com muito humor. O humor é quase perceptível no olhar de Paulo enquanto está ditando a carta.
(2) A Diplomacia de Paulo: A epístola tem sido louvada, e com razão, por sua diplomacia e urbanidade.
(3) A Seriedade de Paulo: Uma deliciosa familiaridade de estilo às vezes aparece. Entretanto, Paulo estava absolutamente sério.
(4) A Mediação de Paulo: O Comentário de Matthew Henry distingue não menos que catorze argumentos em favor da reconciliação, nesta breve carta, um sinal de que muita meditação e oração precederam a sua escrita. Lutero observa que Paulo, na defesa de Onésimo, se põe no lugar do infrator, imitando a obra mediadora de Cristo. "Porque nós todos somos Onésimos".
• Contexto: Juntamente com Efésios, Filipenses, Filemon é uma das epístolas da prisão, escrita durante o primeiro encarceramento de Paulo em Roma. Um escravo de Filemon (membro importante da igreja em Colossos), chamado Onésimo, tinha fugido e chegado a Roma, aparentemente com dinheiro de seu senhor. Ali, sob a influência de Paulo, foi convertido, e ganhou a afeição do apóstolo pelo seu grato e dedicado serviço. Mas ele era, legalmente, o escravo de Filemon, e Paulo não quis segurá-lo no seu serviço, pois não lhe era lícito reter um escravo nem aceitar o seu serviço sem o consentimento do seu Senhor.
1. O Problema de Paulo.
(1) Queria salvar o escravo fugitivo do severo e cruel castigo que, pela lei romana, merecia.
(2) Queria conciliar Filemon sem humilhar Onésimo.
(3) Queria recomendar o culpado sem desculpar a sua ofensa.
Com fazer isso? – Eis o problema de Paulo.
2. A Estratégia de Paulo:
(1) Acha que o escravo não deve ir só ao encontro do seu Senhor ofendido, por isso aproveita a mediação de Tíquico, que vai a Colossos.
(2) Escreve esta carta pessoal a Filemon, para Onésimo levar consigo, carta essa que é modelo de diplomacia e cortesia.
(3) Então, para tornar ainda mais difícil a Filemon deixar de perdoar o culpado, ele o recomenda à igreja toda (Cl 4.9)
• Tema: O grande poder doe evangelho em resolver os problemas sociais: Não há coisa mais repugnante do que a escravatura. Contudo a verdadeira reforma social é fruto do Espírito. Sem revolução, nem alvoroço, nem suscitar qualquer atrito entre escravo e o seu senhor, o cristianismo rege o coração; o coração determina a conduta do homem. Onésimo não voltou com espírito amargurado, nem Filemon o recebeu de novo como escravo; receberam um ao outro como irmãos.
• Objetivo da Carta: Era pedir a Filemon que perdoasse o escravo fugitivo e o recebesse como irmão em Cristo, oferecendo-se Paulo para restituir o dinheiro furtado. A carta é um mimo de cortesia. Tato, delicadeza e generosidade, culminando com um comovente apelo a Filemon para que recebesse Onésimo como se fosse a ele mesmo, Paulo (17)
• Autenticidade de Filemon. Esta epístola figura em todos os catálogos desde o Cânon Muratório, e em todas as versões antigas. (Ellicott).
• Ênfase teológica: Na carta a Filemom temos um exemplo de ética que ajuda o cristão a mudar estruturas injustas com base na fé em Jesus Cristo. Com base em Gálatas 3.28 vemos que, assim nos ensina Paulo, a Igreja de Deus é uma nova criação por meio do Espírito de Deus. Nela as estruturas velhas não podem permanecer intactas. Nenhum cristão pode chicotear um outro cristão, muito menos mandá-lo à cruz. O amor de Cristo impede isso. Na igreja de Deus o escravo e o dono sentam à mesma mesa do Senhor. Esse aspecto também define a sua convivência do dia-a-dia. Dessa forma a Igreja se torna um exemplo de convivência humana entre as pessoas. Nela o reino de Deus se torna visível e observável. Com essa carta a Filemom, o apóstolo Paulo nos dá um exemplo de ética na igreja. É evidente que igrejas desse tipo não deixaram de existir totalmente. João Wesley as fez nascer com os seus grupos de crentes, as chamadas classes, e, dessa forma, também enfrentou os desafios sociais da Inglaterra do seu tempo, como, por exemplo, o ministério aos presos e a abolição da escravatura.
• Análise da Epistola á Filemon – Esta carta mostra:
1. Uma revelação do caráter de Paulo. Descobrimos ser ele cortês, amável , humilde, santo e altruísta.
2. Um exemplo da diplomacia e sabedoria do apóstolo. É uma obra de mestre; um modelo de cortesia, de jeitosa e delicada intercessão – Paulo se mostra:
(1) Desejoso de despertar a simpatia do coração de Filemon, mencionando várias vezes que é prisioneiro.
(2) Cordial para com os predicados de Filemon, tornando assim, difícil a ele deixar de exercitá-los em perdoar Onésimo (4-7)
(3) Tardio em mencionar o nome de Onésimo até ter assim preparado o caminho.
(4) Sem interesse em ordenar ou exercer sua autoridade apostólica, mas rogando como amigo íntimo (8,9,20)
(5) Implorando encarecidamente, referindo-se a Onésimo como seu “filho” (11), e presumindo que Filemon fará o que pede (21). prejuízo
(6) Ciente do mal praticado por Onésimo (11) e promete pagar qualquer prejuízo (18,19)
(7) Compreensivo sobre Onésimo, pois embora outrora inútil, assevera que no futuro Onésimo será um servo fiel (Onésimo significa Útil)
(8) Com sabedoria para escolher suas palavras com cuidado. Diz “separado” (15) e não fugitivo. Evita empregar qualquer palavra que pudesse despertar ressentimento em Filemon, e por isso emprega um termo que não descreve o caráter do escravo, mas exprime simplesmente seu aspecto exterior.
(9) Esperançoso de em breve ver Onésimo ser liberto e também de tornar a ver Filemon (22). Como poderia este encarar o apóstolo se não fizesse o que ele pedia?
3. Uma ilustração do método divino de reforma social.
Esta epístola tem sido referida pelos advogados da escravatura para justificá-la. Mas poderia a escravatura continuar se os versículos 16,17 fossem postos em prática? É uma boa ilustração do poder reformador do Evangelho, que procura ganhar seu fim mediante a persuasão, e não pela compulsão; pela mansidão e não pela violência.
4. Uma analogia da nossa redenção.
O pecador é propriamente de Deus. Não somente fugiu do seu Senhor, mas furtou algo dele. A lei não lhe oferece direito de asilo, mas a Graça concede-lhe direito de apelo. Ele refugia-se em Cristo, que Deus tem na conta de seu companheiro. Nele é recebido como filho, e acha um intercessor e pai; volta para Deus, e é recebido, não como escravo, mas como o próprio Cristo, sendo lançada toda a dívida na conta de Cristo.
• Algumas Notas sobre Escravidão.
(1) Definição – Escravo: Cativo que está debaixo do poder absoluto do seu senhor, por compra, herança ou guerra.
(2) A origem da escravidão: A escravatura remonta aos primeiros tempos do governo humano.
(3) Entre os judeus: A escravidão era cercada de consideração humana; nunca existia em larga escala entre os judeus, nem com as crueldades e horrores prevalecentes no Egito, Assíria, Grécia, Roma e outras nações.
1- Um escravo avaliado em 30 moedas (Êx 21.32)
2- O escravo hebreu, ao sétimo ano, sairia forro, de graça (Êx 21.2)
3- Alguns escravos preferiam continuar a servir seus senhores (Dt 15.16)
4- Os filhos de escravos permaneciam escravos (Gn 14.14; 17.12)
5- Não consta que houvesse mercado de escravos na terra de Israel.
6- As medidas de Neemias contra a usura e a escravidão (Ne 5)
7- Leis sobre a escravidão (Êx 21.7-11; Lv 25.49-55; Dt 23.15,16)
(4) No Império Romano: A metade da população de Roma e grande proporção da população do império era composta de escravos. Muitos cristãos eram escravos. São aqui (em Efésios 6.5-9) informados de que o serviço fiel a seus senhores é requisito primordial de sua fé cristã. Eis um ensinamento notável: no desempenho de nossas tarefas diárias, ainda que humildes, sempre somos vigiados por Cristo, que nos aprovará ou reprovará, conforme mereçamos. O mesmo se dá com os senhores, no modo de tratarem seus escravos.
(5) A Escravidão e o Cristianismo:
1- Não importa se a pessoa é escrava ou livre. Que se tornassem livres se pudessem. mas se não, que fossem bons escravos (1 Co 7.20-24; 1 Tm 6.1,2; Cl 3.22-25; Tt 2.9,20).
2- O Novo Testamento não aconselha conflitos, com as leis do país estabelecidas acerca da escravidão (1 Co 7.21)
3- O Cristianismo aboliu a escravatura, não por falar contra ela, mas por ensinar a doutrina da fraternidade humana.
4- Paulo não condenou a escravatura, mas o que ele ensinou foi um golpe mortal à raiz deste mal.
(6) A Abolição da Escravatura:
1- Na Rússia em 1861.
2- Na Índia inglesa em 1833.
3- Nas colônias francesas em 1848.
4- Nas colônias portuguesas em 1856.
5- Nos Estados Unidos em 1865.
6- No Brasil em 1888.
(7) Pensamentos sobre a escravidão:
“A escravatura humana atingiu o seu ponto culminante na nossa época sob a forma do trabalho livremente assalariado.” George Bernard Shaw
“O dinheiro representa uma nova forma de escravidão impessoal, em lugar da antiga escravidão pessoal.” - Leon Tolstoi
“O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem um perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.” Darcy Ribeiro
“Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!”
Nicolau Maquiavel
“O pavor da solidão é maior que o medo da escravidão: assim, nos casamos.”
Cyril Connolly
• Esboço:
I. ONÉSIMO UM ESCRAVO FUGITIVO.
Onésimo um dos milhões de escravos no Império Romano, fugira de seu senhor, Filemon, depois de roubar-lhe algum dinheiro. Um fugitivo desejaria escapar para tão longe quanto fosse possível, e receberia com agrado a ocultação oferecida por uma grande metrópole, como Roma. Uma vez ali, talvez havendo já gastado o dinheiro que furtara, conseguiu encontrar Paulo. Talvez tivesse começado a gostar de Paulo na casa do seu senhor, anos antes. Não é provável que o encontrasse, casualmente, numa cidade de 1.500.000 habitantes. É possível que fosse um jovem muito talentoso. O exército romano, em suas excursões, muitas vezes capturava moços e moças dos melhores e muito inteligentes, e levava-os para vendê-los como escravos.
II. ONÉSIMO UM ESCRAVO CONVERTIDO
Finalmente, chegou a Roma, onde seu caminho cruzou com o do apóstolo Paulo, que o levou à fé em Cristo.
III. ONÉSIMO UM ESCRAVO DEVOLVIDO
O seu escravo Onésimo tinha fugido. Se fosse pego novamente e devolvido ao seu senhor, teria de contar com punição severa. Isso poderia significar tanto chicotadas quanto a crucificação. O dono tinha a liberdade para escolher a forma do castigo, pois, de acordo com a opinião das pessoas na antiguidade, um escravo não era gente, mas um objeto pelo qual se tinha pago uma quantia em dinheiro.
Agora Onésimo se defrontava com o dever cristão para com seu senhor, o que significava voltar à casa de Filemon em Colossos. Uma vez que o castigo costumeiro em tais casos era a morte, Paulo escreveu esta maravilhosa carta intercessória em favor de Onésimo.
De 11-16, Paulo acentua quão proveitoso Onésimo se tornou. O vers. 15 sugere que Deus tivesse planejado, através da breve inconveniência da fuga do servo por algum tempo (lit. "por uma hora"), dar a Filemom a satisfação de recebê-lo para sempre.
Seria deplorável se Filemom, pela rejeição de Onésimo, perdesse uma oportunidade, divinamente enviada, que mirava uma bênção eterna. Paulo diz "pode ser que" (ARC), pois não conhece plenamente os planos de Deus, nem o que farão Onésimo e Filemom no futuro. Deseja, porém, que Filemom considere o que parece ser uma notável orientação da Providência divina. Não já como escravo (ARA, 16). As palavras de Paulo talvez sugiram a libertação legal, mas não há certeza disto. Ele frisa no argumento que Onésimo deve ser tratado como irmão, e não como escravo, no sentido aristotélico, de um "utensílio vivo". Então, pelo prolongado companheirismo na carne e no senhor (16), isto é, nas ocupações terrenas e espirituais, Onésimo se mostrará ainda mais agradável a Filemom do que se mostrou a Paulo durante a breve estada com ele. Filemom o amará mais, não simplesmente porque o conhecia por mais tempo que Paulo, e certamente não porque era seu escravo legal, mas porque Filemom gozará de preciosa e íntima comunhão com ele em Cristo, por muito tempo.
IV. ONÉSIMO UM ESCRAVO RECEBIDO
Filemon não era o único crente a possuir escravos na igreja em Colossos (Cl 4.1), de modo que esta carta oferecia diretrizes para que outros senhores cristãos tratassem seus irmãos escravos. O escravo e o senhor pertencem um ao outro por meio de Jesus Cristo (cf. Gl 3.28). Por isso Filemom já não pode agir com Onésimo conforme prevê o direito romano. No mínimo, precisa recebê-lo como irmão e membro da igreja que se reúne na sua casa. Melhor mesmo seria libertá-lo e colocá-lo à disposição de Paulo como seu colaborador.
Se, portanto (17). Este verso lembra que Onésimo é agora digno de ser tratado como irmão de modo que Paulo pode dizer com razão: "Se me tens por companheiro e amigo bem relacionado pelos íntimos laços espirituais, recebe-o como a mim mesmo".
V. ONÉSIMO UM ESCRAVO ABSOLVIDO
Paulo não negou os direitos de Filemon sobre seu escravo, mas pediu que Filemon aplicasse o princípio da fraternidade cristã, à situação de Onésimo (16). Ao mesmo tempo, Paulo ofereceu-se para pagara pessoalmente a dívida de Onésimo.
Eu, Paulo, do próprio punho, o escrevo (19), isto é, como fiador, prometendo dar qualquer restituição exigida. Certamente isto não é um simples gracejo, mas o meio de convencer a Filemom de sua séria intenção. Contudo, não significa uma fiança legalmente reconhecida, mas a palavra de honra de um cavalheiro.
O vers. 20 é um afetuoso apelo à generosidade. Eu me regozijarei. O verbo e o nome Onésimo têm a mesma raiz. Reanima-me o coração (20); A confiança de Paulo (21) foi, sem dúvida, justificada. Se a epístola tivesse sido desconsiderada teria sido também destruída. Mais do que estou pedindo (21). Isto pode sugerir a possibilidade de alforria. Em todo caso, Paulo pede que Filemom faça o máximo possível por Onésimo.
VI. ONÉSIMO UM ESCRAVO PROMOVIDO
Os atos de caridade de Filemom levarão outros a compreender as altas possibilidades da vida cristã.
É possível que Filemon tenha concedido liberdade a Onésimo e o tenha enviado de volta à Paulo (14). Também já se sugeriu que Onésimo se tornou um ministro do evangelho e, mais tarde, veio a ser bispo da igreja em Éfeso (Inácio de Antioquia, Epístola aos Efésios – Na sua carta aos Efésios, Inácio menciona três vezes o bispo Onésimo de Éfeso. Será que não era o escravo Onésimo mencionado por Paulo nessa carta?)
CONCLUSÃO
A Bíblia não dá nenhuma ideia de como esse senhor recebeu o escravo de volta. Há, porém uma tradição que diz ter sido recebido por Filemon, que, compreendendo qual era a intenção velada de Paulo, deu-lhe alforria. É assim que o evangelho faz. Cristo, no coração do escravo, fê-lo reconhecer as praxes sociais de sua época e voltar a seu senhor, resolvido a ser bom escravo e a viver como tal. O mesmo Cristo, no coração do senhor, fê-lo reconhecer o escravo como irmão na fé e dar lhe a liberdade.
BIBLIOGRAFIA
Bíblia Explicada
Bíblia Anotada.
Novo Comentário da Bíblia – F. Davidson
Manual Bíblico H.H.Halley
Introdução e Síntese do Novo Testamento Gerhard Hörster