A AUTORIDADE DA BÍBLIA
Definição Geral. O direito a ordenar uma crença ou ação.
Tipos De Autoridade
Autoridade imperial: O direito de promulgar decreto em função do posto ocupado por uma pessoa.
Autoridade judicial: A capacidade de decidir sobre o significado ou a verdade de algo.
Autoridade legislativa. O direito de determinar o conteúdo de nossas crenças.
Autoridade legítima: O direito de prescrever crença e/ou ação em virtude da posse de conhecimento especial.
Autoridade normativa: Autoridade imposta em termos do que devemos crer e fazer.
Autoridade Familiar.
A esposa deve obedecer ao marido.
Os filhos devem obedecer aos pais.
Autoridade Eclesiástica.
A igreja deve obedecer ao pastor.
O autoritarismo: É o abuso da autoridade. Insistência forçada ou dogmática a que haja adesão cega a uma visão ou prática.
Rivais Da Autoridade Bíblica. Quando a religião aceita a revelação de Deus em Cristo, a questão da autoridade assume posição de destaque. Quais as bases sólidas da fé e prática? Como a revelação divina é aplicada ao indivíduo? Estas perguntas dirigem-nos a atenção ao problema da autoridade.
A Razão Como Autoridade.
Definição – Razão: O poder de pensar, compreender e inferir.
O Racionalismo:
Qualquer ênfase no papel da razão.
O racionalismo epistemológico é a teoria segundo a qual o conhecimento é obtido através do raciocínio, em vez de por meio da experiência sensorial.
O racionalismo teológico é basicamente a crença segundo a qual a razão tem a capacidade tanto de provar a veracidade das afirmações do cristianismo como de interpretar seu conteúdo.
Uma forma mais radical de racionalismo teológico sustenta que a razão pode descobrir as verdades espirituais e que apenas as verdades descobertas dessa maneira podem ser aceitas.
Os resultados da ascenção do racionalismo fizeram-se perceber em todas as áreas da atividade humana, mas especialmente na religião e na teologia.
Exposição: Com o advento do Iluminismo (a partir dos fins do século XVII), muitos vem fazendo da razão humana a fonte auto-suficiente da autoridade. O racionalismo diz que não precisa da revelação divina. Colin Brown, anota corretamente que na “linguagem popular, ‘racionalismo’ chegou a significar a tentativa de se julgar tudo à luz da razão”.
Considerações:
A razão, portanto, é de grande auxílio no conhecimento da revelação de Deus, mas não tem a primazia sobre esta. Quando a razão é aceita como a autoridade suprema, ela se coloca acima da revelação divina, e julga qual parte (ou talvez nenhuma) desta deve ser aceita. Usualmente, os racionalista, fazem da razão a autoridade suprema.
Deve ser notado, ainda, que a razão humana, ao negar a revelação divina, coloca-se sob a influência do pecado e de Satanás, desde a queda de Adão (Gn 3).
A Experiência Como Autoridade.
Definição: A experiência dos cristãos. Está em consideração mais do que uma simples experiência sensorial, incluindo a religiosa.
A contribuição de Friedrich Schleiermacher: A moderna elevação da experiência como autoridade começou com os escritos de Schleiermacher (1768-1834). Ele argumentou que o fundamento do Cristianismo era a experiência religiosa, que passou a ser o fator determinante e autorizado para as verdades teológicas. Desde então, a experiência tem sido aceita como a fonte de autoridade em alguns setores da Igreja.
Exposição: O indivíduo relaciona-se com Deus no âmbito da mente, da vontade e das emoções. Considerando a pessoa como uma unidade, os efeitos sofridos em qualquer um desses âmbitos são sentidos, ou experimentados, nos demais, quer subsequente quer simultaneamente. De fato, a revelação de Deus tem o seu efeito na totalidade da pessoa humana.
Muitas pessoas, entretanto, levam mais adiante esse conceito, argumentando que a experiência é a fonte originária e real da autoridade no tocante à fé e à prática. Dizem que somente as verdades experimentadas pelo indivíduo podem ser proclamadas como verdadeiras.
Uma modalidade deste conceito, é chamado de “encontro com Deus”. O encontro supremo entre a pessoa e o Verbo Vivo, e não com a Palavra Escrita. Os que sustentam tal opinião dizem que a Bíblia pode ser usada para ajudar a levar a efeito semelhante encontro; a Bíblia, porém, “não tem autoridade por si só mas, sim, em virtude do Deus de quem dá testemunho e fala nas suas páginas”. Os teólogos existencialistas acreditam que, mediante um encontro com Deus, “a Bíblia deve tornar-se repetidas vezes a sua Palavra para nós”.
Considerações:
Embora Schleiermacher e seus seguidores tratassem a Bíblia como um livro meramente humano, e enfatizassem demasiadamente a experiência, não devemos olvidar o valor da experiência na captação da revelação divina. Haja vista os pentecostais: enfatizam fortemente a realidade de um relacionamento com Deus que afeta todos os aspectos do ser humano.
As verdades proposicionais assumem vitalidade e força quando confirmadas e ilustradas na experiência dos discípulos devotos de Cristo.
Por outro lado, as experiências variam entre si, e nem sempre se pode discernir com clareza suas origens. Uma fonte fidedigna de autoridade deve estar além dos aspectos variáveis que marcam a experiência;
Deve até mesmo ter a competência para contradizer e corrigir a experiência se necessário for. Não é fidedigna a experiência isolada e que se arvora como fonte de autoridade para mediar a revelação de Deus.
É verdade que a autoridade do cristão é mais do que papel e tinta, mas “a revelação proposicional de Deus não pode ser distinguida da auto-revelação divina”. Nenhum encontro autoritativo com Deus supera a autoridade de sua Palavra escrita.
A Igreja Como Autoridade. O conceito da autoridade eclesiástica sustenta ser a Igreja a autoridade última em todas as questões de fé e prática.
Exposição:
Não se nega a importância da Bíblia, mas esta deve (segundo alegam) ser interpretada por aqueles que recebem formação especial para desempenhar tal tarefa. Nesse caso, a interpretação da Igreja, promulgada em fórmulas doutrinárias e credos, põe-se como a única autorizada.
Os católicos romanos sustentam essa autoridade por ter sido a Igreja divinamente estabelecida por Cristo; e por já proclamar o Evangelho antes de este haver sido registrado por escrito. Os católicos romanos alegam, também que a Igreja foi a instituição que produziu as Escrituras do Novo Testamento e que, em certo sentido, estabeleceu o cânon das Escrituras.
Considerações:
Na prática, a Igreja Católica coloca-se acima das Escrituras. Ela insistia poderem os ensinos da Bíblia ser mediados, corretamente, através da hierarquia eclesiástica. De modo sutil, a Igreja romana havia usurpado a autoridade das Escrituras, atribuindo-a aos seus próprios ensinos internos.
Embora a Igreja Católica Romana reconheça a importância da Escritura, não a considera absolutamente necessária. Em sua visão, é mais correto dizer que a Escritura precisa da Igreja mais do que a Igreja da Escritura. Para a Igreja Católica Romana, a Bíblia é obscura e tem grande necessidade de interpretação. Por isso, é necessário ter uma interpretação infalível, e esta é fornecida pela igreja.
Muitas vezes, esse modo eclesiástico de se considerar a autoridade é expressado através da liderança de uma igreja, quer se trate de uma só pessoa quer de um grupo.
Por ocuparem posições de liderança na comunidade, pressupõem que se relacionamento com Deus seja mais suficiente para comunicar sua verdade à Igreja.
Sem desmerecer as posições de liderança estabelecidas por Deus, devemos observar que essa abordagem torna-se passível de corrupção – o abuso do poder visando vantagens pessoais ou outros desejos pecaminosos.
Além disso, a interpretação das Escrituras é feita por um grupo pequeno em nome de toda Igreja. Dessa maneira, impede que a comunidade dos fieis confira por conta própria as alegadas interpretações bíblicas.
A Tradição Como Autoridade:
Para os Católicos romanos, a tradição oral é considerada a segunda forma de conhecimento transmitida pelos apóstolos, sendo a primeira as Escrituras.
A tradição oral apresenta verdades que os apóstolos pregaram mas não escreveram e foram transmitidas à Igreja Católica sem interrupção de geração a geração. Estas verdades da tradição oral estão contidas nos decretos dos concílios e nos escritos dos pais da Igreja. Portanto a tradição oral tem autoridade igual as Escrituras, uma vez que ambas são entendidas como os dois lados de uma mesma tradição.
O Papa Como Autoridade:
O papa também faz pronunciamentos investidos de autoridade sobre questões de doutrina e para o Catolicismo, esses pronunciamentos são isentos de erros.
Os concílios ecumênicos e os papas, de tempos em tempos, fazem pronunciamentos considerados infalíveis e, portanto, deixando aos membros da Igreja a obrigação de cumpri-los.
A infalibilidade papal: Doutrina Católica Romana segundo a qual o papa é infalível quando fala ex- cathedra, ou seja, quando temos declarações feitas pelo papa no exercício de sua função. Por tratar de questões de fé e moral, essas declarações são consideradas infalíveis, pois apresentam revelações diretas de Deus que não podem ser rejeitadas.
O Dogma Como Autoridade.
Termos Relacionados:
Dogma. Uma doutrina, geralmente na forma de uma declaração eclesiástica oficial normativa.
Credo. Resumo de crenças de uma pessoa, ou grupo, frequentemente de uma denominação.
Confissão. Declaração pública de fé ou lista de doutrinas.
Declaração de fé.
Exposição: o conceito teológico da autoridade confia nas confissões doutrinárias, ou credos, da comunidade religiosa global como a fonte da fé e da prática. Desde o princípio, a igreja tem declarado as suas crenças através de fórmulas e credos. No decurso da história da Igreja, muitas declarações de fé têm sido adotadas e usadas pelos fiéis para afirmar as doutrinas centrais de sua religião.
A importância dos credos: Tais declarações, em forma de credo, são de valor para a Igreja:
Servem para enfocar a atenção do adorador nos elementos cruciais de sua fé.
Permitem que o mundo, que a tudo observa, escute uma voz clara e uníssona explicando a teologia da igreja cristã histórica.
Alguns perigos deste conceito de autoridade:
Tende a elevar as afirmações, em forma de credos, a uma posição superior à da própria Bíblia.
Além disso, embora demonstre notável união em certos aspectos-chaves da verdade bíblica, podem divergir consideravelmente entre si nas questões de fé e prática.
Têm valor somente à medida que concordam com a Bíblia, e servem para explicar as suas verdades.
Se virem a suplantar a posição central ocupada pela revelação bíblica, tornam-se fonte de duvidosa autoridade.
A Tradição Como Autoridade.
Exposição: A tradição oral. Lado a lado com a Palavra escrita, circulavam amplamente histórias e ensinos religiosos. A transmissão oral, todavia, independentemente de qual seja o tópico, acha-se sujeita à alteração, ao desenvolvimento, às mudanças e à distorção.
Considerações: As Escrituras forneciam um padrão, um ponto de referência, para a palavra oral. Por isso, estando a tradição oral de acordo com as Escrituras, reflete a autoridade delas; quando, porém, se desvia da Palavra escrita, a sua autoridade desaparece.
Os Carismas Como Autoridade:
Exposição:
Alguns pentecostais parecem realçar a autoridade do Espírito acima da autoridade da Palavra.
Alguns enaltecem uma “impressão direta” do Espírito Santo, ou uma manifestação do Espírito, tal como a profecia, acima da Palavra escrita.
Considerações:
O Espírito Santo é aquele que inspirou a Palavra e que lhe concede autoridade. Ele nada falará contrário àquilo que a Palavra inspirada declara, e nada além disso.
A Autoridade Da Bíblia
É Uma Autoridade Divina. Pois ela veio de Deus.
É Uma Autoridade Universal. Válida em todo mundo.
É Uma Autoridade Perene. Aplicável em todas as épocas.
É uma Autoridade Absoluta: Sola Scriptura – “Somente as Escrituras”. Este era o lema dos reformadores. A Bíblia, outorgada por Deus, fala com a autoridade de Deus, diretamente ao indivíduo – “Não precisa de Papas nem de Concílios para informar-nos o seu real sentido, como se falassem em nome de Deus; a Bíblia pode até mesmo desafiar os pronunciamentos de Papas, Concílios, condená-los como ímpios e falsos, e exigir que os fiéis se apartem deles”
É uma autoridade registrada:
É necessário um padrão objetivo para testar as alegações de crença e prática religiosas. A experiência subjetiva é por demais obscura e variável para oferecer certezas a respeito da natureza e da vontade de Deus. Considerando a relevância eterna da mensagem de Deus à humanidade, não era necessário “um som incerto”, mas uma palavra mui firme (1 Co 14.8; 2 Pe 1.19). O padrão escrito de revelação fornece a certeza e a confiança no “assim diz o Senhor”.
A revelação divina escrita garante que a revelação que Deus fez de si mesmo seja completa e tenha continuidade. Sendo a revelação especial progressiva, a posterior edifica a anterior.
Uma revelação registrada por escrito preserva melhor a forma da mensagem de Deus no seu caráter integral. No decurso de longos anos, a memória e a tradição humanas tendem a uma fidedignidade cada vez mais frágil. O conteúdo crucial da revelação divina deve ser transmitido de modo exato às gerações que se sucedem. Os livros têm sido o melhor método de se preservar e transmitir a verdade na sua totalidade de geração em geração.