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A METAPSICOLOGIA E MECANISMOS DE DEFESA

A METAPSICOLOGIA FREUDIANA E MECANISMOS DE DEFESA

O que é metapsicologia.

Termo empregado pela primeira vez por Freud, provavelmente inspirado na expressão metafísica, bastante corrente na sua época, para referir todos os fenômenos da física incapazes de serem comprovados cientificamente. De forma análoga, a metapsicologia, que Freud, carinhosamente, chamava de “a bruxa”, consiste na elaboração de modelos teóricos que não estão diretamente ligados à prática analítica ou às experiências clínicas que ainda não tinham comprovação rigorosamente científica.

 

A metapsicologia freudiana.

Termo criado por Freud para designar a psicologia por ele fundada. A metapsicologia elabora um conjunto de modelos conceituais mais ou menos distantes da experiência, tais como a ficção de um aparelho psíquico dividido em instâncias, a teoria das pulsões, o processo de recalque, etc. a metapsicologia leva em consideração três pontos de vistas: dinâmico, tópico e estrutural.

 

 

Pulsão inatas: Freud postulou que em todo e qualquer ser humano existe uma dualidade de inatas pulsões instintivas: a coexistência, mais ou manos bem harmônica entre elas, e a predominância de uma dessas pulsões sobre a outra, significa uma extraordinária importância na formação da personalidade de todas as pessoas.

 

 

Pulsão de vida – Eros.  

Eros significa amor, paixão amorosa, desejo ardente e, às vezes, violento, e sua manifestação está consubstanciada no “princípio de Nirvana”.

O amor, a preservação da própria vida, a garantia da preservação da espécie através do sexo, o erotismo.

 

Pulsão de morte – Thanatos. Autodestruição, ódio, morte como destino inevitável.

Tânatos é a personificação da morte, cuja evidência mais clara é o ato suicida.

 

 

 

CONFLITO PSÍQUICO

Sentido geral.

O termo conflito pode indicar autotortura e autosuplício por distintas razões inconscientes. O importante é enfatizar que existem muitos conflitos que geram sentimentos bélicos. Assim os tipos de conflitos podem ser de natureza narcisista, numa luta pelo poder, uma volúpia pelo prestígio, pela riqueza (muito frequente em sérios conflitos entre familiares, em situações de partilha de herança) e coisas afins, como inveja excessiva, etc. Os conflitos mais correntes no cotidiano referem a interesses pessoais, valores ideológicos, num sentido coletivo, que podem levar a revoluções e guerras.

 

O conflito na psicanálise:

Do ponto de vista psicanalítico, os conflitos mais significativos são aqueles que partem do interior do psiquismo do sujeito, como pode ser por exemplo, um conflito entre as pulsões do Id (que, muitas vezes, leva a uma impulsividade) num conflito com o “Superego” que critica e proíbe aquelas pulsões instintivas que sejam de caráter proibitivo.

 

Outros exemplos, importantes, que estão valorizados na análise contemporânea, é um bloco unívoco, pelo contrário, o ser humano é composto por diversas “partes” distintas. Assim, pode estabelecer-se um forte conflito, Segundo Bion, entre a nossa parte psicótica da personalidade e a parte não psicótica; ou em outras palavras, da parte sadia contra a parte doente, presentes em graus diferentes, em todo ser humano.

 

Outro exemplo frequente consiste num conflito entre a parte “criança” (quando então é mais movida pelo princípio do prazer), contra a parte “adulta” (mais regida pelo princípio da realidade).

 

MECANISMOS DE DEFESA

 

Noções Básicas:

A expressão “mecanismos de defesa” designa distintos tipos de operação mental que têm por finalidade reduzir as tensões psíquicas internas, ou seja, das angústias.

 

Freud descreveu alguns mecanismos de defesa que o ego utiliza ao lidar com conflitos com o Id e o Superego. Ele afirmava que uma redução da tensão era uma das principais motivações para a maioria das pessoas e que essa tensão era em grande parte causada pela ansiedade. Segundo Freud, quando ocorre a ansiedade, os mecanismos de defesa são utilizados para lidar e proteger o ego da realidade, do Id e do Superego. Ele dizia que muitas vezes esses mecanismos inconscientemente distorciam a realidade e podiam ser utilizados de forma exagerada por uma pessoa para evitar um problema.

 

O CONCEITO DE ANSIEDADE, SEGUNDO FREUD:

Ansiedade De Realidade. Trata-se do medo da ocorrência de eventos do mundo real. Por exemplo, uma pessoa tem medo de ser mordida por um cachorro, porque está perto de um cão feroz. A maneira mais fácil de reduzir a tensão da ansiedade da realidade é afastar-se da situação.

 

Ansiedade Neurótica: Trata-se do medo inconsciente de sermos dominados e perdermos o controle para os impulsos do Id, e que isso leve à punição.

 

Ansiedade Moral: Trata-se do medo de que nossos princípios morais e nossos valores sejam violados, resultando em sentimentos de vergonha ou culpa. Esse tipo de ansiedade vem do superego.

 

A contribuição de Anna Freud: Com maior destaque, ela é responsável por identificar os mecanismos específicos de defesa que o ego utiliza para reduzir a tensão. Em 1936 ela escreveu o livro: O ego e os mecanismos de defesa.

 

OS PRINCIPAIS MECANISMOS DE DEFESA:

Negação:

Recusa em admitir ou reconhecer que algo está ocorrendo ou ocorreu.

Se refere a um processo pelo qual o sujeito, de alguma forma, inconscientemente, não quer tomar conhecimento de algum desejo, fantasia, pensamento ou sentimento.

Os quatro tipos de negação:

Supressão: Corresponde a uma negação superficial bastante frequente na vida de todos nós, que surge sob forma de lapsos, em momentos em que não queremos saber, ouvir ou olhar determinado fato que nos angustiaria.

Renegação: Esta defesa – também frequentemente denominada denegação, recusa ou desmentida – refere-se ao fenômeno pelo qual o sujeito sabe que desejos, pensamentos e desejos negados são mesmo dele, porém continua a se defender categoricamente, negando que lhe pertençam. Esta modalidade de negação é típica de pacientes com perversão.

Foraclusão: Também conhecida com os nomes forclusão, ou rejeição, ou repúdio – designa uma negação mais extremada, a ponto de o sujeito substituir a realidade exterior pela criação de outra realidade ficcional, como é o caso de uma ideação delirante. Ou seja, a foraclusão é um tipo de negação tão extremada que leva o sujeito a romper com a realidade exterior.

Repressão. (vide item abaixo)

 

Repressão/ recalque.

Este termo, surgiu nos estudos pioneiros de Freud em que ele demonstra que diante de fantasias e desejos inconfessáveis, determinado sujeito, como uma forma de negar esses “pecados” os abafava, de modo que eles ficavam alojados no inconsciente.

 

Fundamentalmente, o conceito de recalque está ligado a um processo pelo qual o sujeito procura repelir, empurrando algo para o fundo do seu inconsciente, seria viável, a possibilidade de que recalcar seja uma espécie de metáfora de que, com o calcanhar, o sujeito empurre para o fundo de seu inconsciente, tudo que for indesejável.

 

Formação reativa:

Esse mecanismo defensivo também é conhecido com o nome de “transformação ao contrário”, visto que ele se refere tanto ao fato de que o ego mobiliza uma estrutura caracterológica, a mais oposta possível, quanto ao surgimento das pulsões libidinais ou agressivas reprimidas no inconsciente.

 

Comportar-se de maneira oposta para esconder seus verdadeiros sentimentos. Parecer ser “bom” e ocular seu verdadeiro caráter maldosos.

 

Projeção:

 

Em latim o verbo projetar é projectare, cujo significado é atirar longe, arremessar.

 

Na psicanálise: Designa uma espécie de mecanismo de defesa, inconsciente, que consiste no fato de quando alguma pessoa não tolera entrar em contato consciente com algo que lhe causa grande ansiedade, por meio da defesa de projeção ela “arremata para longe” (isto é, ela se livra da carga pesada dos sentimentos, projetando esse conteúdo inadmissível de aceitar com seu, e o projeta dentro de uma outra pessoa).

 

Pegar os próprios sentimentos desconfortáveis e atribuí-los a outra pessoa, de maneira que pareça que é ela quem está se sentindo assim, em seu lugar.

 

Na verdade, essa defesa não é usada unicamente para se livrar do insuportável e empurrá-lo para dentro do outro; também se pode fazer um uso bastante sadio, como no caso de um psicanalista, de usar a projeção de experiências difíceis que ele já passou, assim compreendendo melhor a angústia de seu paciente e sentí-lo mais de perto. Isso – a capacidade de sentir-se no lugar de um outro (no caso, um paciente) – tem um nome: é empatia, requisito fundamental para quem se candidata a ser psicanalista.

 

Regressão:

Regredir para um comportamento infantil. Anna Freud afirmava que uma pessoa assumiria determinados comportamentos com bases na fase de desenvolvimento psicossexual em que estivesse fixada. Por exemplo, uma pessoa presa na fase oral poderia começar a comer ou fumar excessivamente, ou tornar-se mais agressiva verbalmente.

 

Sublimação:

 

Etimologia: Vem do latim sublimare = tornar sublime; algo elevado à maior altura ou a uma grande altura, algo ou alguém, que fica engrandecido.

Conceitos:

No mundo artístico, a palavra sublime alude a uma produção que sugira grandeza, elevação.

 

No campo da ciência: Na física, o termo se refere a um processo de transformação pelo qual um corpo passa diretamente de um estado sólido para um gasoso (vapor).

 

Freud utilizou este termo para designar alguma atividade humana bem-sucedida, principalmente no campo artístico, no trabalho intelectual e de obtenção de reconhecimento público. Segundo Freud, essas pessoas “sublimes” retirariam a energia e a capacidade criativa do trabalho da pulsão sexual, dessa forma sublimando-a. Freud enfatizava uma “dessexualização” com a energia que sobrava e ficava a serviço da criatividade e demais artes, e ofícios criativos.

 

  1. Klein: De forma oposta à Freud, exaltava o papel de uma “desagressivização”, isto é, a sublimação consistiria numa tendência a restaurar o objeto bom destruído pelas pulsões agressivas.

 

Converter comportamentos inaceitáveis para uma forma mais aceitável. Por exemplo, uma pessoa com raiva pratica o boxe como uma forma de desabafar. Freud acreditava que a sublimação era um sinal de maturidade.

 

Identificação:

O verbo identificar resulta de ficar igual a algum modelo de identificação. Essa identificação tanto pode ser parcial como total, sadia ou patológica, com uma figura perdida, perseguidora, psicopata, ou com uma pessoa vítima da vida, com uma pessoa por demais idealizada (nesse caso a identificação é bastante frágil) sendo que, sem dúvidas, o melhor e mais estável modelo de identificação é com uma figura admirável.

 

Tipos de identificação:

Identificação Introjetiva. Alude às figuras parentais que foram introjetada dentro do ego da criança, sob a forma de representações, e também no superego, sob distintas modalidades (identificação com o agressor, com a figura idealizada, com a figura amada, admirada, com a figura perdida e com a figura “da vítima”.

 

Identificação projetiva:

 

Expressão cunhada por M. Klein, designa um mecanismo psíquico fundamental em todo ser humano.

 

A denominação de identificação projetiva, deriva de tornar igual o outro no qual o sujeito paranoide projeta aquilo que não tolera em si (por exemplo, um indivíduo com tendências paranoicas vai projetar a sua inveja e vai ter a convicção de que é o outro que é invejoso).

 

Deslocamento:

Transferência dos sentimentos e das frustrações para algo ou alguém que é menos ameaçador.

 

Intelectualização:

Pensar em algo de uma perspectiva fria e objetiva de modo que evite colocar o foco na parte estressante e emocional da situação.

Fantasia:

 

Tem como ideia – a imaginação.

 

Na psicanálise: O conceito de fantasia se constitui como um elemento fundamental na estrutura do psiquismo de qualquer ser humano. Ademais, considera-se a fantasia como um fator fundamental na etiologia das neuroses.

 

Diferença entre as fantasias conscientes e as inconsciente? As fantasias conscientes, que mais comumente são denominadas “desvaneios”, são inerentes à condição humana e na imensa maioria das vezes representam uma atividade psíquica saudável não só pelo sagrado direito de “curtir sonhos”, como também porque podem significar a elaboração para futuros projetáveis viáveis. Quando os desvaneios de alcance impossível se confundem com a realidade, já estamos na área das “fantasias inconscientes” se infiltrando no consciente. À relevância da existência de fantasias inconscientes no psiquismo, desde a condição de bebê, ganhou uma expressiva importância na psicanálise a partir das concepções de M. Klein, respaldada na observação da extraordinária importância das diversas formas de fantasias, especialmente as de natureza terrorífica, na estruturação do psiquismo da criança e na determinação dos distintos quadros da psicopatologia da criança e do futuro adulto.

Racionalização:

Ao evitar o motivo real para um sentimento ou comportamento, uma pessoa cria justificativas possíveis, porém falsas.