A IMPUTAÇÃO DO PECADO

A IMPUTAÇÃO DO PECADO

A palavra imputação vem do latim imputare, que significa “contar, considerar”, “colocar na conta de alguém” e se relaciona ao problema de como o pecado é atribuído a cada pessoa. A referência básica é Romanos 5.12, que ensina que o pecado entrou no mundo através de Adão.

 

Definição de imputação ou pecado herdado:

É a transferência das consequências do pecado a outro. Teologicamente falando, a transferência do pecado de Adão a seus descendentes (Rm 5.12).

O pecado entrou no mundo através de Adão. Portanto, em Adão todo o mundo pecou. Todos os membros da raça humana estavam representados por Adão no tempo da provação no jardim do Éden. Como representante nosso Adão pecou, e Deus nos considerou culpados tanto quanto Adão.

 

As principais posições sobre como o pecado é imputado a raça humana:

Posição pelagiana.

Pelágio foi um monge inglês nascido em cerca de 370 d.C que ensinava suas doutrinas estranhas em Roma 409 d.C.

Os unitarianos modernos continuam com seu esquema básico de doutrina.

O ensino de Pelágio:

Ensinava que Deus criou cada alma diretamente (ele desprezava a teoria traduciana) e assim cada alma era inocente e sem mancha.

O homem é inocente e capaz de obedecer a Deus, pois o homem foi criado neutro, isto é, nem santo e nem pecador, e tendo a capacidade de escolher livremente se irá pecar ou fazer o bem.

Nenhuma alma criada tinha qualquer relação com o pecado de Adão; o pecado de Adão afetou somente a ele mesmo.

O único significado do pecado de Adão foi o mau exemplo. Todos escolheram pecar seguindo o exemplo de Adão, ou seja, o mau exemplo de Adão induziu à imitação.

Pelágio, portanto, não via Romanos 5.12 como afetando toda a humanidade. Nenhum pecado de Adão foi imputado à raça humana.

Somente aqueles atos de pecado que as pessoas cometeram por elas mesmas foram imputadas a elas, ou seja, os pecados pessoais.

Mas ainda, o homem não morre porque ele pecou e sim por causa da lei da natureza. Adão não teria morrido mesmo se ele não tivesse pecado.

Pelágio e suas doutrinas foram condenados no concílio de Cartago em 418 d.C

 

Análise bíblica da doutrina de Pelágio:

Ele ensinava que o homem não morreu por causa do pecado, ainda que as Escrituras afirmem o oposto (Ez 18.20; Rm 6.23)

Ensinava que o homem não tinha uma tendência natural para o pecado, mas as Escrituras afirmam o oposto (Rm 3.9-18).

Se a posição pelagiana for seguida logicamente, então cada pessoa nascendo livre do pecado de Adão requereria uma “queda” individual, e poderia haver alguma pessoa perfeita.

 

Posição arminiana.

Jacó Armínio (1560-1609) era um teólogo holandês.

A posição de Armínio é similar ao semipelagianismo e é representada pela Igreja Metodista Wesleiana, Pentecostais (?) e outros.

Ensinamentos de Armínio:

Que o homem não foi considerado culpado por causa do pecado de Adão.

O homem apresenta uma natureza pecaminosa, mas ainda é capaz de cooperar com o Espírito Santo pela graça preveniente. Deus concede a cada indivíduo, uma influência especial do Espírito Santo, suficiente para anular o efeito da depravação que herdaram e para tornar possível a obediência se cooperarem com o Espírito.

 

Embora alguns arminianos digam que a culpa também faz parte do pecado original, não pressupõe realmente culpabilidade, mas apenas sujeição ao castigo, pois qualquer culpabilidade e condenação que possa ter se originado em nós por meio do pecado de Adão, foi removida pela graça preveniente.

 

Quando as pessoas podem escolher pecar voluntariamente e propositadamente, mesmo quando elas têm o poder para viver justamente – então, e somente então, Deus pode imputar o pecado a elas e contá-las como culpadas.

 

Posição federal.

Definição: “Em virtude da união, federal e natural, entre Adão e sua posteridade, seu pecado, embora não o seu ato, é assim imputado a ela, o que é base judicial da penalidade aplicada a ele a qual veio sobre todos” – Charles Hodge

 

A posição federal foi originalmente proposta por Cocceius (1603-1669) e se tornou um padrão de crença na Teologia Reformada.

 

Foi ensinada por homens como Charles Hodge, J. Oliver Buswell Jr. e Loius Berkhof.

 

Ensinamento:

Esta posição é chamada de Federal porque Adão é visto como o cabeça federal ou representante de toda a raça humana.

 

Deus entrou em uma aliança de obras com Adão por onde Ele prometeu abençoar Adão e por meio disso toda a raça humana com a vida eterna se Adão obedecesse.

 

A desobediência traria sofrimento para toda raça humana.

 

Como um resultado do pecado de Adão, desde que ele era o representante da raça humana, seu pecado imergiu toda a raça humana no sofrimento e morte.

 

Esta teoria entende que sendo a alma criado por Deus, no momento da concepção, nós não estávamos em Adão, no momento quando ele pecou. Mas fomos condenados, por que ele era nosso representante.

 

Posição agostiniana ou Teoria Calvinista da Imputação Mediata:

Esta posição é nomeada por Agostinho (354-430 d.C) e foi mais recentemente defendida por Calvino, Lutero, Shedd e Strong.

 

Ensinamento:

Esta posição ensina que a declaração: “todos pecaram” em Romanos 5.12 sugere que toda a humanidade foi participante do pecado de Adão. Assim como Levi (embora não houvesse ainda nascido) pagou dízimos para Melquisedeque através de Abraão em que Levi estava “seminalmente presente” em Abraão (Hb 7.9-10), de modo similar, toda a humanidade estava “seminalmente presente” em Adão quando Adão pecou, e portanto toda a humanidade participou no pecado.

 

Portanto, o pecado de Adão e a morte resultante são impostos para toda a humanidade porque toda a humanidade é culpada. Deus declara toda a humanidade culpada, porque esta de fato o é!

 

Esta teoria entende que sendo a alma transmitida pelos pais (traducianismo) Adão estava naturalmente ligado com seus descendentes. Desse modo estávamos presentes em Adão, em forma germinal ou seminal, quando ele pecou.