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A AÇÃO SOCIAL

Vida Cristã

Os Motivos Secretos Da Vida

A Caridade Em Segredo

 

Texto Bíblico: Mt 6. 1-8; 16-18; 19-24; 7.7-12

INTRODUÇÃO.

As três principais obrigações religiosas dos judeus piedosos eram: dar esmolas, orar e jejuar.  Os seguidores de Jesus devem evitar toda ostentação vaidosa e cumprir suas obrigações em quietude e discrição. Ao desincumbir-se de seus deveres religiosos, os crentes não devem anunciá-los através de propaganda, objetivando atrair atenção sobre si mesmos. Tal atitude poderia privá-los da recompensa celestial.

Alguns estudiosos acham que existe uma contradição entre esta admoestação e o conselho dado antes (em 5.16), para que os crentes deixem brilhar sua luz diante dos outros “para que vejam as vossas boas obras”, (Deve-se notar qual foi o objetivo indicado por Jesus – “e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”). Todavia os contextos são diferentes. No primeiro caso, a tentação consistia em manter oculto o compromisso religioso com o objetivo de evitar a perseguição; no segundo, a tendência da pessoa é chamar a atenção para seus atos devocionais, com fins egoísticos.

O primeiro versículo serve como assunto de todo capítulo, ele é a declaração da tese que introduz os três exemplos de uma vida pessoal santa em 6.2-16. Quando era apropriado, os antigos oradores gostavam de começar o discurso com um sumário da ideia central e às vezes ilustrá-la com três pontos principais. A oração, o jejum e as esmolas aos pobres eram alguns dos elementos básicos da vida consagrada no judaísmo, e eram alistadas por muitos rabinos em séries de três.

Avisos contra a hipocrisia (1.1-18).

 

A AÇÃO SOCIAL

Esmola:

Contexto Cultural:

Em geral, gregos e romanos não davam importância à caridade pessoal; as contribuições generosas a projetos públicos ou a clientes de status um pouco inferior visavam garantir a popularidade do doador.

 

Na devoção judaica, em contraste, a caridade era central: Dar dinheiro aos pobres era um dos mais sagrados deveres no judaísmo. Alguns autores chegavam a afirmar que ela era salvífica, embora as restrições de alguns rabinos posteriores não permitissem, tecnicamente, que as contribuições do doador ultrapassassem 20% de seus dízimos. Assim diz Tobias: “É melhor dar esmolas do que entesourar ouro. Dar esmolas nos livra da morte, e faz purgar todos os pecados” (12.8b-9a).

 

Tocar Trombetas: Em um centro de conferencia de versão realizado no lago de Winona, Indiana, certo missionário da Índia, chamado Levering, declarou que ele vira os sacerdotes hindus agirem exatamente assim para que a multidão observasse as suas beneficências. Os rabinos também poderiam ter procedido da mesma maneira; não há dúvida de que estava de acordo com o gosto que tinham por elogios.

 

Análise do Texto:

“Guardai-vos” (6.1) – “Prosechete” gr.: Isto é “mantende a mente na questão”, “esforçai-vos”, “guardar-se de”, “prestai cuidado”, “vigiar por”. A expressão idiomática grega é antiga e ocorre na LXX em Jó 7.17: “ponhas nele o teu coração”

 

Aqui a coisa principal é o motivo, que pode ser egoísta, mas deve ser espiritual (1.1-4). Uma das mais persistentes tentações dos crentes é a de buscarem honra dos homens por meio de boas obras.

 

A palavra hebraica sedaqã significa tanto “justiça” como “dar esmolas”. O termo grego aqui é “Dikaiosunen” e a tradução correta é “justiça” (ARA). Jesus acabara de analisar a teoria da justiça em contraste com a dos escribas. Agora, ele se volta à pratica da justiça em contraste com a dos fariseus. “Dikaiosunen” tem o significado de “praticar a piedade”; “Dikaiosune é o título geral para os atos de devoção e dever religioso que se conformam à vontade de Deus.

 

“Theathënai” gr. (v.1): A palavra teatro é derivada dessa palavra grega, que diz respeito a um desempenho espetacular.

 

“Me salpisëis”: O sentido é literal ou metafórico? Não encontramos exemplo de tal conduta nos escritos judaicos. É preciso tomar a frase de modo metafórico, embora haja evidências de que o chifre de carneiro era usado para anunciar o jejum público, durante o tempo de seca, quando aumentava a incidência de pedintes de esmolas. Alan Mc Neile propõe que se refere ao toque de trombeta nas ruas por ocasião das festas públicas. GNB presume que a cláusula é figurada de linguagem e assim parafraseia: “Não transforme a coisa num grande show”. É isso que os hipócritas fazem nas sinagogas e nos cantos das esquinas.

 

A expressão deve ser tomada de forma figurada significando “uma pessoa que deseja alardear o seu ato de bondade”.

 

Marvin Richardson opina que são as treze arcas em forma de trombeta que ficavam na tesouraria do Templo para receber as contribuições do povo (Lc 21.1)

 

Algumas Traduções:

 

 A NVI traduz um tanto literalmente: “Não anuncie isso com trombetas”.

É semelhante à ECA: “Não faça tocar trombeta diante de ti”.

“Atentem para não praticarem a vossa justiça perante os homens, para serem vistos por eles” John Wesley

“Tenham cuidado para não fazerem as suas obras publicamente para serem notados pelo povo” – Berkeley

“Cuidado ao fazerem as suas boas ações à vista dos homens, para atraírem seus olhares” – Weymouth

“Tenham cuidado para não fazerem uma exibição de sua religião diante dos homens” – NEB

“Tenham cuidado de não praticarem os seus deveres religiosos em público a fim de serem vistos pelos outros” (NTLH).

A tradução mais simples é: “Não ostentem a sua piedade”

 

“Já receberam o seu galardão” (v.2):

 

Análise Textual:

“Apecho”: receber o pagamento integral. Frequentemente usado no sentido de dar um recibo por uma conta que já foi plenamente liquidada. Significa “o recebimento de uma conta” que foi integralmente paga.

É usada em conexão com “o pagamento do aluguel”.

É usada em conexão com “o pagamento de impostos”.

É usada em conexão com “o pagamento de taxas religiosas”.

É usada em conexão com “o pagamento do preço de um escravo”.

 

 

Não existe nenhuma outra compensação. Queriam o aplauso dos homens e receberam-no. Não resta nada mais para esperar. As pessoas receberam o que já tinham em vista. A palavra grega apecho era termo técnico comercial usado com frequência no sentido de pagamento total, completo, com recibo. A força plena da afirmação de Jesus é que aquele que almeja e obtém o louvor dos homens, dá virtualmente um recibo: “Totalmente pago”. Não haverá nenhum outro galardão aguardando por ele no céu. “Eles já receberam o recibo de quitação plena e rasa”, de toda a recompensa que tinham de receber. Com essa notoriedade pública, “eles podem assinar o recibo de galardão adquirido”. Schweizer menciona que só nos atos de caridade (dentro do judaísmo) havia de vez em quando a esperança de receber muita honra nesta vida e um bom prêmio, enquanto os juros são usufruídos aqui na terra.

Logo, o que Jesus está dizendo é que os que dão esmolas, oram e jejuam buscando deliberadamente a admiração dos homens, recebem a admiração dos homens, – e nada mais. A admiração dos homens é o seu pagamento integral. Nada mais tem para reivindicar; podem emitir o seu recibo e considerar-se integralmente pagos. Se visarmos a publicidade pessoal nós a receberemos – mas não obteremos mais nada. Ao obtê-la, somos integralmente pagos, mas perdemos inteiramente as recompensas divinas que são muito maiores, e são o prêmio ao serviço humilde, altruísta e modesto.

 

Exposição:

 

Nada é mais marcante na ética rabínica do que a ênfase dada à caridade em todos os sentidos da palavra.

 

O uso comercial dessa palavra indica pagamento integral com recibo. A justiça exibicionista já recebeu o seu pagamento integral.

 

 

 

Aplicação:

Os seguidores de Jesus Cristo não devem dar aos necessitados à maneira dos hipócritas, que fazem soar uma trombeta, a fim de chamar a atenção à sua benevolência e, dessa maneira receber o aplauso das pessoas. Em vez disso, deverão fazê-lo como se fora uma transação particular, íntima. E Deus, que está bem ciente de tudo quanto acontece, proverá a devida recompensa.

Isso significa que é errado ofertar abertamente? Todas as ofertas devem ser anônimas? Não necessariamente, pois os cristãos da igreja primitiva sabiam que Barnabé havia doado o valor recebido da venda de suas terras (At 4.34-37). Quando os membros da igreja colocavam seu dinheiro aos pés dos apóstolos, não o faziam em segredo. É evidente que o segredo está na motivação interior, e não no modo como a oferta era realizada. Vemos um contraste no caso de Ananias e safira (At 5.1-11), que tentaram usar sua oferta para mostrar aos outros uma espiritualidade que, na verdade, nenhum dos dois possuía.