O FRUTO DO ESPÍRITO – HO TOU KARPOS PNEUMATOS
Antes do grande avivamento pentecostal iniciado no começo do século, passado, dava bastante ênfase ao fruto do Espírito, enquanto que os dons eram ignorados. Para por fim a esse desequilíbrio, começou-se a dar ênfase aos dons e quase ignorar o Fruto do Espírito. Hoje, no entanto, a situação parece bem mais delicada, devido ao fato de estar sendo dada pouca ênfase tanto aos dons quanto ao Fruto do Espírito Santo.
“Uma obra é algo que o homem produz por si mesmo; um fruto é algo que é produzido por um poder que não é dele” – R. E Howard.
“O fruto do Espírito tem origem sobrenatural, crescimento natural, e maturidade gradual” – Hernandes Dias Lopes.
Deus tem um plano emocionante para vencer todas as fraquezas de temperamento. Em Ef 5.18, Deus designa esse plano como sendo continuamente cheios do Espírito Santo.
1. Definição – O Que é o Fruto do Espírito?
(1) Termos Originais para a palavra Fruto:
• Peri: (hb) Fruto (Ml 3.11; Zc 8.12)
• Eb: Palavra hebraica e aramaica (Ct 6.11; Dn 4.12)
• Yebul (hb). “aumento”, “fruto” (Dt 11.17; Hc 3.17)
• Lechem (hb): “pão”, “fruto”. Com o sentido de fruto aparece de forma clara por uma vez em Jr 11.19.
• Meleah (hb): “plenitude”, “fruto” (Dt 22.9; Nm 18.27).
• Nib (hb): “declaração”. Com o sentido metafórico de “fruto dos lábios” (Ml 1.12)
• Tebua (hb): “renda”, “fruto” (Êx 23.10).
• Qayits (hb): “fruto de verão” (Gn 8.22; Mq 7.1).
• Tirosh (hb): “fruto da vinha” (Nm 18.12), mas também palavra usada para indicar as uvas secas (Jl 1.10; Mq 6.15). As uvas eram secas ao sol e preservadas em quantidade considerável (1 Sm 25.18). As azeitonas eram consumidas ao natural, ou então eram espremidas para produção do azeite (Mq 6.15).
• Yitshar (hb): “azeite” Essa palavra hebraica também indicava frutos produzidos em pomar, como as tâmaras, as azeitonas, as romãs, as castanhas etc, referindo-se àqueles frutos que podiam ser preservados para serem consumidos durante os meses quentes, em contraste com Qayits. A raiz da palavra yitshar, significa “brilhante”, “resplandecente”.
• Karpós (gr): “fruto” (Mt 3.8,10)
• Gennema (gr): “produção”, “fruto” (Mt 3.7; 12.34).
(2) Preceitos Mosaicos sobre os Frutos: As árvores frutíferas eram consideradas imundas por três anos após o seu plantio. A produção do quarto ano pertencia ao Senhor. Somente do quinto ano em diante seus frutos podiam ser livremente consumidos pela população em geral. Isso impedia a colheita prematura e também a destruição das árvores, além de relembrar aos israelitas que Deus é a origem de todos os frutos e benefícios colhidos pelos homens.
(3) Variedade de Frutos: O clima diversificado da Palestina, devido aos desníveis topográficos, naturalmente permitia a produção de grande variedade de frutos. Os frutos mais comuns são a banana, a laranja, e outras frutas cítricas, as tâmaras, as rosáceas em geral, o diospiro, a jujuba, as uvas, os figos, as azeitonas, as romãs, as amoras pretas, vários tipos de laranjas são ali produzidas por nada menos de seis meses cada ano, e as uvas quase por esse período. Os frutos plantados em jardim podem ser colhidos quase durante os meses do ano.
(4) Panorama Histórico do Fruto do Espírito
1) As Qualificações dos Patriarcas.
• Abraão: Exigiu Deus, no princípio, de Abraão, mesmo com a idade de noventa e nove anos (Gn 17.1).
• Jó: “... ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (Jó 1.8).
2) As Qualidades dos Anciãos Auxiliares de Moisés: (Êx 18.21). Uma descrição dos que têm o dever de observar os desígnios de Deus entre os homens.
1- Ser capaz. Uma certa cultura, tarimba e eficiência prática.
2- Ser Temente a Deus. Possuindo a verdadeira piedade, que tem valor eterno e também transmite valor e significado à vida na terra (1 Tm 4.8).
3- Ser Homem de Verdade. Fidelidade, moldada pela própria Palavra de Deus.
4- Aborrecer a Avareza: Avareza, aqui, a palavra quer dizer desejo de receber peitas gorjetas, suborno, para torcer a lei em favor de quem recebeu o presente. Era o vício mais comum da justiça oriental.
3) As Exigências para o Sacerdócio Levítico (Lv 21.18-20). “Para que o homem de Deus seja perfeito” (2 Tm 3.17). Os sacerdotes não podia apresentar nenhuma destas deformidades:
1- Cego: A cegueira diz respeito à falta de visão, e os que não podem ver aquilo que é divino, não podem servir à obra (Ap 3.18).
2- Coxo. São os que não possuem andar firme e que por isso mesmo não oferecem nenhuma firmeza, não se podendo confiar em tais pessoas (Hb 12.12).
3- Nariz chato: Defeito dos mais visíveis, e certamente se refere aos que entram em questões alheias (1 Pe 4.15).
4- Membros demasiadamente compridos. Dando-se sentido espiritual aos que possuem essa deformidade física, refere-se aos que crescem inconvenientemente fora da graça e adquirem todas as deformidades (Tt 1.11; 2 Tm 4.14).
5- Pé Quebrado: Assim como aquele que tem o pé quebrado e está impossibilitado de andar, espiritualmente refere-se aos que não adam dignamente na presença de Deus (Ef 4.1).
6- Mão Quebrada: Significa a inatividade de servir, de trabalhar. Espiritualmente, é desolador ter as mãos quebradas para o serviço do Senhor e, em especial, no servir a Deus com o dízimo (Ml 3.10).
7- Corcunda. Os que sofrem desse defeito não têm condições de olhar para cima, mas somente para baixo, e no sentido espiritual são os que não buscam as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus (Cl 3.1), mas somente o que é desta vida (1 Tm 6.9,10; Lc 12.17-21). O ministério está cheio de corcundas!
8- Anão. São os que não crescem, e no campo espiritual simbolizam os que não crescem convenientemente no conhecimento de Cristo (2 Pe 3.18; Hb 5.13,14).
9- Belida no Olho: A belida no olho é uma névoa ou mancha esbranquiçada na córnea do olho, e que pouco a pouco vai enfraquecendo a visão. Os que têm visão curta somente veem as coisas que estão ao seu redor, isto é, têm visão curta da obra de Deus, e o pastorado de sua igreja é um fracasso (2 Pe 1.4-9; Ap 3.18).
10- Sarna. A sarna é uma afecção cutânea contagiosa, parasitária e que fala naturalmente dos que contaminam os outros (Tt 1.10, 15; Jd 17,19; Is 59.3).
11- Impigens. As impigens são um mal estático, imóvel, e representam a impureza de mente e de coração (Tt 1.15; Lc 1.39-41; Sl 24.3,4; Ef 5.3,5).
12- Quebradura. Fala dos defeitos ocultos na vida da criatura, são roturas e quebraduras internas. Em tais pessoas não se pode confiar, visto que são prejudicadas da graça (Fp 3.17-19; Rm 16.17,18).
4) As Virtudes Morais no Salmo 15
1- “O que vive com integridade”: Ser íntegro é agir de modo correto, perfeito e completo, em total lealdade a Deus, sincero desejo de fazer a vontade de Deus.
2- “E pratica a justiça”: Não somente fala acerca da retidão e da virtude, como também as pratica. Sua fé é revelada na sua vida justa e reta. Uma boa árvore produz bons frutos; um bom coração, atos virtuosos.
3- “E de coração, fala a verdade”. Mesmo seus pensamentos não revelados, lá no seu coração, são sinceros e verdadeiros. Na câmara de conselhos, escondida no seu íntimo, não há conversações secretas com aquilo que é falso e traiçoeiro. A verdade, no hebraico, não é somente matéria de fatos físicos, como também a lealdade, a sinceridade, a consistência firme.
4- “O que não difama com sua língua”. Qualquer pessoa que fala mal do seu próximo, sobretudo na sua ausência, é um difamador. Se aquilo que alega na sua maledicência for falso, estará acrescentando a mentira e a calúnia à sua difamação. Se for verdadeiro o que disse maliciosamente contra o seu próximo, é um difamador que rouba o bom conceito de outra pessoa, e que quebra a lei do amor.
5- “Não faz mal ao próximo”. A palavra próximo aqui significa amigo ou companheiro. Há maldade especial em fazer danos até contra aqueles que mais confiam em nós, e dos quais mais gostamos.
6- “Nem lança injúria contra o seu vizinho”. Não leva as conversas sobre a vida alheia pela vizinhança afora, a fim de envergonhar o seu vizinho. Será mais lento para acreditar que seu irmão fez algo errado, e não repetirá aos outros qualquer comentário contra ele.
7- “O que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo”. Não vai agradando aos mundanos, fechando seus olhos às suas maldades, achando certas as praxes deles, quando o que realmente precisam é de uma repreensão franca e aberta (2 Rs 3.14).
8- “Mas honra os que temem ao Senhor”. Disse Calino: “É uma virtude incomum honrar aos homens piedosos e crentes, sendo que, na opinião do mundo, tais homens são frequentemente considerados lixos do mundo, escória de todos” (1 Co 4.13).
9- “O que jura com dano próprio, e não se retrata”. Quando faz uma promessa que, segundo ele, depois calcula ou percebe pelas circunstâncias imprevistas, lhe acarretará prejuízos, ainda assim cumpre a sua palavra (Jz 11.34,35).
10- “O que não empresta o seu dinheiro com usura”. A lei proibiu o empréstimo de dinheiro a juros, entre israelitas (Êx 22.25; Lv 25.36; Dt 23.19). Quando era um estrangeiro que pedia um empréstimo, cobrar juros era permitido (Dt 15.3; 23.20). O sistema moderno comercial permite que alguém ponha seus bens a “trabalhar”, recebendo da parte de quem os explora comercialmente um tipo de “aluguel”. Em tal situação, a palavra “usura” é aplicada a métodos ilegais de submeter o devedor a taxas ou prestações além do acordo no contrato.
11- “Nem aceita suborno contra o inocente”. Recusa qualquer suborno, como testemunha ou como juiz, quando é feita uma acusação contra uma pessoa inocente. O contrário era o costume no Oriente, e trata-se de um pecado muitas vezes condenado pelos profetas (Is 1.23; 5.23; Jr 22.17; Ez 22.12; Os 4.18), e não está totalmente ausente do nosso mundo moderno.
5) As Qualificações dos Jovens Hebreus para servirem na Coorte Babilônica (Dn 1.4)
1- Tinha de ser da Linhagem Real ou da Nobreza.
2- Sem nenhum defeito.
3- De boa aparência.
4- Instruídos em toda a sabedoria.
5- Doutos em ciência.
6- Versados no conhecimento.
7- Competentes para assistirem no palácio.
8- Educados na cultura e língua dos caldeus.
6) As Qualificações do Presbítero (1 Tm 3.1-8)
1- Aspectos Positivos.
• Ser Irrepreensível.
• Esposo de uma só mulher. Não pode ser polígamo. Deve ser fiel a sua esposa.
• Temperante.
• Sóbrio.
• Modesto.
• Hospitaleiro.
• Apto para ensinar.
• Cordato.
• Inimigo de contendas.
• Bom administrador do lar.
2- Aspectos Negativos:
• Não dado ao vinho.
• Não violento.
• Não avarento.
• Não neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo. Neófito: Uma pessoa recentemente batizada. Literalmente “recém-plantado”.
7) As Qualificações do Diácono. Este ofício foi instalado por motivos práticos. Segundo a primeira referência em At 6.1-7. As virtudes morais e espirituais exigidas elevam-se ao nível do pastor, em virtude das responsabilidades envolvidas no atendimento das necessidades da igreja.
1- Aspectos Positivos.
• Respeitáveis.
• De uma só palavra.
• Conservando o mistério da fé com a consciência limpa.
• Devem ser testados primeiros.
• Marido de uma só mulher.
• Bom administrador do lar.
2- Aspectos Negativos.
• Não inclinados a muito vinho.
• Não cobiçosos de sórdida ganância.
8) As Qualificações do Cidadão do Céu (Sl 15)
1- Qualidades Positivas.
• Integridade.
• Justo.
• Verdade.
• Despreza o réprobo.
• Honra os que Temem ao Senhor.
2- Qualidades Negativas.
• Não Difama com sua Língua.
• Não faz Mal ao Próximo.
• Não Lança Injúria contra o seu Vizinho.
• O que jura com dano próprio e não se retrata.
• O que não empresta o seu dinheiro com usura.
• Nem aceita suborno contra o inocente.
(5) O Uso Metafórico do Termo “Fruto”.
1) Inclui a Evangelização (Jo 15.16)
2) Tudo que é produto de oração efetiva em nome de Jesus, incluindo a obediência aos mandamentos (Jo 15.10), a experiência da alegria (Jo15.11), a paz (Jo 14.27), o amor de uns pelos outros (Jo 15.12) e o testemunho diante dos homens.
3) As Promessas Messiânicas: Cristo é o fruto da terra (Is 4.2)
4) Os Doze Frutos: Referidos em Ap 22.2 referem-se à abundância e prosperidade que haverá no estado eterno.
5) Os Frutos do Evangelho: São os próprios homens, quando se convertem do pecado e do paganismo; e também apontam para as obras que, subsequente, eles chegam a produzir (Cl 1.16; Rm 1.13)
6) Os santos: São frutos recolhidos (Is 27.6; Jo 4.36) e produzem frutos de justiça (Mt 7.18; 12.33)
7) Os filhos: São frutos do ventre (Êx 21.2; Sl 21.10). Eles também são chamados “filhos dos rins” referindo-se aos poderes reprodutivos do homem (At 2.30). E ainda são chamados de “filhos do corpo” (Sl 131.11; Mq 6.7)
8) Os Frutos do Procedimento: Bom ou mau, é o resultado dos atos de cada indivíduo (Pv 1.31; Is 3.10;Jr 6.19)
9) O Fruto das próprias mãos: É o lucro, o ganho, ou a jactância (Is 10.12)
10) O Fruto da boca: São as palavras boa ou más de uma pessoa (Pv 12.14; 18.20; Hb 13.15)
11) Os Frutos bons: São as boas obras (Fp 1.11) incluindo as contribuições caridosas (Rm 15.28)
12) Os Frutos do arrependimento: São as evidências de que a pessoa se converteu ao Senhor (Mt 3.8)
13) Os Frutos dos ímpios: São as suas más obras (Mt 7.16)
14) O Fruto para a morte: São as coisas malignas, que promovem a morte espiritual (Rm 7.5,13; Tg 1.15)
15) O Fruto do Espírito, ou seja, virtudes e qualidades morais e espirituais, cultivadas pelo Espírito de Deus na personalidade do crente.
16) As Obras infrutuosas das trevas: são as obras más que os homens praticam mediante as quais demonstram que, pertencem ao reino das trevas; e essas obras, ao final, produzem malefícios para seus praticantes, em vez de benefícios (Ef 5.11). Do ponto de vista espiritual, as obras de tais pessoas são infrutíferas, ou seja, não produzem bons resultados espirituais.
17) O Fruto produzido no devido tempo: Consiste na prosperidade, material e espiritual (Pv 1.3; Jr17. 8; Sl 1).
18) O fruto da luz (Ef 5.9)
19) O fruto dos lábios (Hb 13.15)
(6) Três Classes de Ramos:
1) Os que nada produzem. Referem a pessoas cuja ligação com Cristo é apenas aparente. São pessoas que não tem a graça de Deus no coração. Têm o nome de que vivem mas estão mortas. Onde não há fruto, não há vida. Ex.: Judas
2) Os que produzem sem disciplina. Ex.: Pedro.
3) Os que produzem muito. Ex.: Paulo.
(7) O que o Fruto do Espírito não é? Ele não brota da nossa natureza, nem é produto da educação mais refinada. O Fruto do Espírito não pode ser criado artificialmente, nem pode ser simulado. Ninguém frutificará alheio à operação do Espírito Santo.
(8) O Fruto do Espírito. O apóstolo Paulo faz um contraste entre as obras da carne e o Fruto do Espírito. Se as obras falam de esforço, o fruto é algo natural. Donald Guthrie diz que a mudança das “obras” para “fruto” é importante porque remove a ênfase do esforço humano. As obras da carne são resultado do nosso labor;
(9) O Fruto do Espírito é a realização do Espírito Santo em nós.
1) Em contraste com as obras da carne, temos o modo de viver íntegro e honesto que a Bíblia chama “o Fruto do Espírito”. Esta maneira de viver se realiza no crente à medida que ele permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal maneira que ele (o crente) subjugue o poder do pecado, especialmente as obras da carne, e ande em comunhão com Deus (Rm 8.5-14; 2 Co 6.6; Ef 4.2,3; 5.9; Cl 3.12-15; 2 Pe 1 4-9).
2) Porque é Imperioso que Produzamos Frutos:
1- Porque Deus exige fruto e não folhas (Lc 13.6) – vida e não palavras (Mt 7.21-27). A demora no juízo não significa indiferença, mas longanimidade e esperança do fruto de arrependimento (Lc 3.8; 2 Pe 3.4-10). Cedo ou tarde a lâmina do machado cairá sobre a raiz da vida inútil em que faltou o enxerto da nova vida em Cristo (Mt 7.16 ss; Rm 11.16-24; Cl 1.6,10).
2- Porque o Ramo que não Produz Fruto será Cortado (Jo 15.2)
3- Porque Deus Espera que Produzamos Frutos (Jo 15.2)
4- Porque Uma Vida Espiritual Frutífera Redunda em Glorificação ao Nome de Deus (Jo 15.8)
5- Porque na Frutificação Alcançamos Resposta às Nossas Orações (Jo 15.16)
6- Porque Fomos Chamados Para Produzir Frutos (Jo 15.16)
7- Porque a Ausência de Frutos Traz Terríveis Conseqüências na Vida do Cristão (2 Pe 1.8-11)
(10) A Unidade e Diversidade do Fruto do Espírito: Vale ressaltar que Paulo não fala de frutos, mas do fruto. Provavelmente por causa das qualidades morais alistadas aqui, e que se espera que o Espírito Santo implante no crente, como se tudo fosse uma só, única, notável virtude, implantada de uma veza só. Um belo cacho de nove variedades de fruto é aqui descrito. “Semelhante à cadeia das graças, em 2 Pedro 1.5-7”. Todos os seus aspectos são apenas partes integrantes de um único desenvolvimento espiritual. Perfazem o “fruto do Espírito”, - por serem encarados como produção sua, como procedentes de sua pessoa, como algo divinamente produzido, e não apenas como qualidades morais. Essas nove virtudes são como que gomos do mesmo fruto. Não podemos ter um fruto e ser desprovidos de outros.
(11) A Natureza do Fruto do Espírito: A vida espiritual, na totalidade de seu desenvolvimento, não consiste em resoluções morais e esforços humanos. Pelo contrário, o ser humano do crente vai sendo transformado segundo a natureza divina (Ef 3.19). E esse processo de transformação moral está muito além da capacidade do homem mortal decaído. O alvo, por semelhante modo, é por demais elevado, e a vereda é por demais inclinada para o alvo para que o homem possa atingi-la como uma realização humana. Não obstante, torna-se necessária a cooperação do livre-arbítrio humano, pois, de outro modo, nada ocorrerá.
(12) A Simbologia do Número Nove na Bíblia: Este número é o último dos dígitos, marca o fim ou a conclusão de todas as coisas. É relacionado com o julgamento do homem e de suas obras. É o número do juízo.
• Jesus usou a palavra 9 sobre os negligentes: “E onde estão os nove?” (Lc 17.17b).
• A primeira guerra na Bíblia (Gn 14) foi de 4 reis contra 5 (4+5=9)
• Os dons do Espírito mencionados em 1 Co 12.8-10 também são nove.
• No Sermão do Monte, Jesus pronunciou 9 bem-aventuranças (Mt 5.3-11).
• O Fruto do Espírito é um só, mas se compõe de 9 virtudes.
2. A Nova Lei e Seus Resultados:
(1) As exigências da antiga lei foram retiradas de cima de nossos ombros. Sobre nós foram impostos os resultados da nova lei, a lei do Espírito, gravada em nossos corações.
(2) Esse é o novo princípio de vida que nos confere um poder vivo, e não um código frio. Como estamos sendo conduzidos? Todos os aspectos do fruto, por conseguintes, são:
1) Qualidades morais, divinamente implantadas, segundo a nova lei.
2) Essas qualidades morais são energias transformadoras que produzem a transformação metafísica dos seres humanos, para que adquiram a imagem de Cristo (2 Co 3.18).
3) O “Fruto” é um meio de reproduzir aquilo que implanta o fruto; e assim os remidos se tornam membros da família divina, padronizados em seus seres de conformidade com a imagem divina de Cristo Jesus.
4) Esse processo está inteiramente fora do alcance da lei, de qualquer princípio legalista, mas requer comunhão real com o Espírito de Deus. A vida cristã, pois é, um processo místico, e não apenas um processo ético.
5) Todo o desenvolvimento espiritual, portanto requer a realidade e a busca do Espírito, pois Ele é a fonte de tudo. Não é suficiente “ler a Bíblia e orar”. A experiência humana mostra-nos que isso não basta. Deve haver a inquirição pelo Espírito Santo, bem como a submissão a ele. Por sua vez, quando sua presença é real para nós, ele usará os meios da meditação, do estudo e da oração;
6) Tornar-se alguém gradativamente perfeito, mediante a implantação do “fruto do Espírito” significa vir a participar perfeitamente da “natureza moral positiva do próprio Deus” (Rm 3.21).
3. Distinção – A Relação entre o Fruto do Espírito e os Dons Espirituais.
(1) O Dom é outorgado – O Fruto é desenvolvido no caráter do crente, gerado em nós.
(2) O Dom vem após o Batismo com o Espírito Santo – o Fruto deve começar com a conversão.
(3) O Dom opera na Igreja – o Fruto manifesta-se no caráter do crente.
(4) O Dom vem perfeito. As falhas na sua operação correm por conta do portador – o Fruto requer tempo para amadurecer. Ele não cresce do dia para a noite, como muitos pensam.
(5) Os Dons são dotações de poder de Deus, enquanto o Fruto é uma expressão do caráter de Cristo.
(6) Os Dons revelam concessão de poder e graça especial, enquanto o fruto se relaciona com o caráter do portador.
(7) Os Dons são a operação soberana do Espírito Santo, enquanto o Fruto (Também do Espírito) nos vem mediante Jesus Cristo.
(8) Os Dons são distintos, enquanto o Fruto, sendo nônuplo, é indivisível.
(9) Os Dons conferem poder, enquanto que o Fruto confere autoridade.
(10) Os Dons comunicam espiritualidade, enquanto o Fruto comunica irrepreensão.
(11) Os Dons identicam-se com o que fazemos, enquanto o Fruto identifica-se com o que somos.
(12) Os Dons podem ser imitados, enquanto que o Fruto jamais o será.
(13) Os Dons terminarão aqui, um dia – o Fruto continuará para sempre (1 Co 13.8).