O AVIVAMENTO ESPIRITUAL NO MUNDO
INTRODUÇÃO
Deus tem usado os movimentos avivalistas para o resgate de doutrinas essenciais, como por exemplo:
- A doutrina da santificação através do avivamento liderado por Wesley.
- As missões através dos morávios
- A evangelização e a ação social da igreja. Através do Exército da salvação –
- A dotação de poder do alto, mediante o batismo com o Espírito Santo, com a evidência física inicial do falar noutras línguas pelo Espírito (At 2.1-4). Através do movimento pentecostal.
O AVIVAMENTO NOS PRIMEIROS SÉCULOS
Temos registro de avivamento nos escritos de
Ignácio (35-98 d.C).
No Didaquê – obra, também conhecida como “O Ensino Dos Doze Apóstolos”, menciona profetas e profecias, como sendo comuns nas igrejas cristãs no primeiro século.
Clemente De Roma (10-100 d.C). Ele que era cooperador do apóstolo Paulo assevera que os “dons espirituais” são importantes para ajudar os cristãos em suas funções como corpo de Cristo.
O Montanismo (155-160).
O movimento de Montano aparece com uma teologia que defendia a prática da glossolalia e do profetismo.
Eusébio conta que havia entre eles “frenesi e êxtase” ao ponto de um deles “delirar e começar a balbuciar e pronunciar coisas estranhas”; e que as mulheres, além de profetizarem, também entravam em êxtase e falavam em uma linguagem ininteligível...”.
O movimento não teve boa acolhida pelas principais lideranças da época.
Segundo os seus críticos, Montano encarnava o Paracleto e dizia que o Senhor Jesus retornaria à terra naqueles dias e para estabelecer a Nova Jerusalém na frígia. Essa é a caricatura apresentada por seus opositores, segundo Eusébio de Cesaréia.
A acusação não foi por causa dos dons, “mas a alegação de Montano de que as declarações proféticas estavam em pé de igualdade com as Escrituras”.
Além disso, dizia-se na época que os dons e as experiências dos dias apostólicos haviam sido revogados com a definição do Cânon Sagrado. O que aconteceu de fato foi que o movimento de renovação dos montanistas representou uma tentativa de resgatar os charismatas da Igreja, como línguas e profecias. Muitos estudiosos entendem que a igreja exagerou em sua reação ao montanismo.
Não sobreviveu nenhum texto produzido pelos montanistas para confirmar a veracidade dessa acusação. A realidade desses supostos fatos continua sob suspeitas. Tudo o que se sabe vem dos seus opositores, faltando, portanto, o princípio contraditório.
O que chama a atenção é que Tertuliano se tornou um deles, um montanista. O que levaria um intelectual cristão do nível de Tertuliano a deixar se levar pelo montanismo? Muitos têm dificuldade em considerar o tal movimento uma facção herética.
Estudos recentes revisaram essa questão. Paul Tillch afirma em História Do Pensamento Cristão: “A igreja excluiu o montanismo do seu seio. Foi um avivamento do Espírito, não há provas que confirmem as acusações feitas contra Montano. Contudo, a vitória sobre o montanismo resultou em perda”.
Tertuliano. Nascido em Cartago, no Norte da África, por volta de 160, teve ele uma esmerada educação. Vivendo intensamente a promessa da efusão do Espírito Santo, fez-se arauto da mensagem pentecostal. Testemunha ele que entre os cristãos daquela época, não eram poucos os que falavam línguas, interpretavam e profetizavam. “Pois, visto que reconhecemos os Charismata ou dons, nós também fomos dignos da obtenção do dom profético, apesar de virmos depois de João (o Batista). Temos agora entre nós uma irmã cujo ministério tem sido favorecido por diversos dons de revelação, que ela experimenta no Espírito através de visão extática entre os ritos sagrados dos dias do Senhor na igreja”.
O Pastor De Hermas (142-155 d.C). Ainda no início do segundo século, temos registros dos carismas na Obra O Pastor De Hermas. Nessa obra, o seu autor relata uma série de visões sobrenaturais que recebera, onde mensageiros divinos conversavam com ele diretamente e lhe passam as mensagens que Deus queria que ele deixasse registradas em livro para todos os cristãos.
Irineu. Declarou que no seu tempo muitos cristãos falavam línguas estranhas pelo Espírito Santo e tinham dons, inclusive o de profecia. Irineu foi discípulo de Policarpo, bispo de Esmirna, que, por sua vez fora discípulo de João, o apóstolo. Escreve Irineu em sua clássica obra “Contra As Heresias”; “Pelo que também Seus verdadeiros discípulos têm recebido graça dEle e usando-a em Seu nome para o benefício dos outros, conforme cada um recebeu o dom dEle”... “Assim como também ouvimos de muitos irmãos na igreja que têm dons de profecia, e que falam através do Espírito todos os tipos de línguas, e que trazem as coisas ocultas dos homens à clareza para o bem comum, e expõem os mistérios de Deus”.
Justino Mártir (100-165 d.C). Em seus escritos, mencionou os dons espirituais em evidência nos seus dias, inclusive o dom de línguas estranhas pelo Espírito Santo, em sua obra “Diálogo Com Trifão”, no capítulo 35, falando sobre “milagres que ainda hoje se realizam em seu nome [Jesus]” e escrevendo no capítulo 39 que alguns cristãos em seus dias “também recebem dons, cada um como lhe é digno, iluminados através do nome deste Cristo”.
Orígenes (185-254 d.C). Teólogo de renome. Afirmou que os dons espirituais, inclusive o de línguas, eram um fato notório nos seus dias (embora em declínio).
Novaciano (200-258): Em sua obra “Sobre a Trindade” fala que em seus dias o Espírito Santo “coloca profetas na igreja, instrui os professores, dirige línguas, concede poderes e cura, realiza maravilhas, oferece o discernimento de espíritos, confere poderes de governo. Sugere conselhos e organiza vários outros dons que fazem parte da Charismata, fazendo assim com que a Igreja do Senhor se esmere e se aperfeiçoe em todo lugar com seus membros”.
Crisóstomo (347-407 d.C). Patriarca de Constantinopla. Crisóstomo relatou um caso em que três membros da sua igreja falaram pelo Espírito Santo em persa, latim e hindu.
Agostinho (354-430). Bispo de Cartago, Agostinho é considerado um dos maiores teólogos de todos os tempos. Sua influência estende-se tanto aos católicos quanto aos protestantes. Acerca da doutrina pentecostal, estava ele suficientemente seguro quanto à atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais: “Nós faremos o que os apóstolos fizeram quando impuseram as mãos sobre eles: esperamos que os convertidos falem novas línguas”.
O AVIVAMENTO NA IDADE MÉDIA
O avivamento na Igreja Britânica Primitiva. No ano 500, enquanto a Europa Ocidental mergulhava na Idade Média, a Obra de Deus expandia-se nos territórios que passariam a ser conhecidos como as ilhas Britânicas. Gildas, um sábio missionário de origem galesa, dá este testemunho, confirmando o pentecostes que varria aquela região: “A Igreja está espalhada pela nação inteira. Além disso, ela se espalhara na Irlanda e Escócia. Era também uma Igreja instruída; tinha sua própria versão das Sagradas Escrituras e a sua própria liturgia”.
O avivamento dos Valdenses.
Esta confissão evangélica, iniciada por Pedro Valdez em 1170, no território abrangido pela moderna cidade francesa de Lyon, tinha como ideal pregar a mensagem de Cristo em toda a sua pureza.
De tal forma viviam os valdenses o pentecostes que, até mesmo em sua morte, propagava a mensagem do cenáculo; eis o que relata um historiador: “Não há uma rocha que não seja um monumento, uma campina que não tenha presenciado uma execução, nem uma vila que não registre os seus mártires”.
Os historiadores afirmam que entre eles havia manifestações espirituais em línguas estranhas, segundo o Novo Testamento.
O AVIVAMENTO NA ERA PRÉ-REFORMA
John Huss. (JOHN RUSS)
Historiadores atestam que, por volta de 1315, havia na Boêmia 80 mil crentes em Jesus Cristo. Este grande movimento do Espírito, começou a sacudir os alicerces do sistema papal.
Conta-se que João Huss, no momento de sua morte, proferiu uma das mais famosas elocuções proféticas da Igreja Cristã: “Hoje, vós queimais um ganso. Daqui a cem anos, porém, nascerá um cisne; contra ele nada podereis fazer”. Huss, cujo significado em língua checa é “ganso”, havia de fato profetizado; um século depois de sua morte, Martinho Lutero deflagrava a Reforma Protestante; não houve quem calasse a voz do cisne alemão.
Quando da Reforma Protestante, havia no país quatrocentas igrejas e uma versão completa da Bíblia em língua checa. A obra de João Huss sobreviveu através da Igreja dos Irmãos Unidos.
João Wycliffe. (UICLIFÍ)
John UICLIFÍ (1330-1384).
A fim de que o povo viesse a conhecer a Palavra de Deus, traduziu ele a Bíblia para o inglês, colocando o Santo Livro à disposição de seus evangelistas. Seu maior anelo era educar os britânicos no Evangelho de Cristo. Em virtude de sua obra, UICLIFÍ pode ser considerado, com justa razão, o patrono dos tradutores do texto sagrado.
O historiador Pedro R. Santidriám assim resume a biografia do reformador inglês: “A vida, a obra escrita e a atividade de UICLIFÍ devem ser entendidas a partir da exigência de limpar a teologia e a prática cristãs das degenerações e excrescências de sua época. Queria levar à consciência e ao ânimo dos fiéis a diferença entre a igreja como é e o ideal da Igreja como devia ser. Isso pressupõe uma visão crítica e histórica ao mesmo tempo”.
Jerônimo Savonarola (1452-1498).
Tinha Savonarola vinte e três anos quando resolveu entregar-se à vida monástica. Sua convicção, eloquência e fervor espiritual tornaram-no famoso como pregador. À semelhança dos primeiros discípulos, proclamava o Evangelho em toda a sua pureza, mostrando a todos ser este o único caminho que nos pode conduzir a Deus.
Ouçamos como Villari descreve o avivamento desencadeado por Savonarola: “A pregação do Superior do Convento confundiu os seus inimigos, pois mudou completamente o aspecto da cidade. As mulheres largavam o uso de joias e passavam a trajar com simplicidade. Os moços libertinos eram transformados em pessoas sóbrias e espirituais e as igrejas ficavam repletas nas horas de oração. Também a Bíblia era lida com diligência”.
“A fama deste maravilhoso pregador divulgou-se então por todo o mundo, por meio dos seus sermões impressos. O próprio sultão da Turquia ordenou que fossem traduzidos para o turco, para o seu próprio estudo. Sem dúvida, o alvo de Savonarola era ser meramente o regenerador da religião.
Em seu sermão do advento, Savonarola conclama a todos os seus compatriotas a que sirvam a Deus na beleza de sua santidade:
“Nossa Igreja tem muitas belas cerimônias externas para dar solenidade aos ofícios eclesiásticos, com belas vestimentas, com muitos estandartes, com candelabros de ouro e prata. Tu vês ali aqueles grandes prelados com maravilhosas mitras de ouro, e esses homens te parecem de grande prudência e santidade. E não acreditas que possam esquivar-se, senão que tudo o que dizem e fazem deve observar-se no Evangelho. Eis como está construída a Igreja moderna. Os homens contentam-se com essas folhagens. Os que te odeiam Senhor são os pecadores e os falsos cristãos e principalmente os que estão constituídos em dignidades. E estes são glorificados hoje por terem acabado com a rigidez e a severidade dos cânones, com as instituições dos santos homens de Deus, com a observância das boas leis. Veem hoje os prelados e os pregadores prostrados com seu afeto em terra, o cuidado das almas já não lhes inquieta o coração, somente pensam em tirar proveito”.
No ano seguinte, o grande pregador, o arauto que Deus tinha em Florença foi queimado numa fogueira; seu testemunho continua a arder até aos dias de hoje.
O AVIVAMENTO DURANTE A REFORMA
Martinho Lutero (1483-1546).
A vida de Lutero não era só estudo; dedicava-se ele a longas e profundas orações. Escreve William Allen: “Lutero orava, horas seguidas cada dia. Certa vez um espia o acompanhou a um hotel. No dia seguinte contou ao patrão que Lutero tinha orado por quase toda a noite e que ele jamais poderia vencer uma pessoa que orava daquele jeito”.
Foi esse gigante que Deus usou para deflagrar a maior reforma da Igreja. No dia 31 de outubro de 1517, fixou ele nas portas da catedral de VÍTEMBERGUE.
Lutero falava em línguas e profetizava, conforme depoimento histórico do Dr. Jack DIR, eminente professor e historiador batista, do Seminário Teológico de Dallas.
Os Anabatistas Da Alemanha (1521-1550). Havia entre eles manifestações do Espírito, inclusive dons espirituais e línguas estranhas, como registra a história.
João Calvino (1509-1564).
A cidade suíça de Genebra era um antro de iniquidades. Ali, a porta do inferno achava-se escancarada. Calvino, porém, resolveu provar que através do Evangelho de Cristo, é possível mudar não somente pessoas como cidades e civilizações. Com base nas Escrituras Sagradas, implantou ele em Genebra um regime teocrático tão eficiente que, passados alguns anos, a cidade já era contada entre as melhores da Europa.
Nos vinte anos em que João Calvino esteve em Genebra, testemunharam os suíços o que pode fazer um homem que tem a Bíblia como a sua única regra de fé e prática. As tavernas tiveram suas portas cerradas; os casamentos foram regularizados; os pecados contra a castidade, severamente punidos. As modas escandalosas e ofensivas à moral e aos bons costumes, substituídas pela modéstia.
Genebra, agora, era a Cidade de Deus. Universidades são criadas; o ensino fundamental torna-se modelo para toda a Europa. Quanto ao trabalho, encaravam-no todos como dádiva dos céus, e não como a maldição imposta sobre os filhos de Adão e Eva. E foi exatamente aí, conforme opinam alguns historiadores, que nasce o capitalismo. Um capitalismo, aliás, que nada tem a ver com o capitalismo selvagem de nossos dias; era um capitalismo que gerava riqueza e distribuía equanimemente a renda.
Teólogo, reformador, avivalistas. Mas, acima de tudo, um homem usado poderosamente por Deus para expurgar a Igreja dos erros e tradições romanistas que, há séculos, vinham enfermando o corpo místico de Cristo. Teve o seu avivamento um alcance tão grande que, decorrido cinco séculos, Genebra ainda conserva, apesar de todos os excessos do mundo moderno, sua autoridade, progresso e cultura.
João Knox (1513-1572).
Neste período, temos a destacara também a João Knox, que diante da situação em que vivia o seu país, orava incessantemente: “Oh, Senhor, dá-me a Escócia, ou eu morro!”.
Desde 1559, quando começou ele a percorrer o país, até ao momento de sua morte, milhares de pessoas converteram-se ao Senhor Jesus. E a Escócia, dantes tão agregada a uma religiosidade sem vida, foi convertida à fé cristã.
Os Huguenotes (1560-1650). Eram, na França, protestantes dissidentes quanto à forma de governo da época, respeitante à liberdade religiosa. O historiador A. A. Boddy assim escreveu: “Durante a perseguição aos huguenotes, a partir de 1685, havia entre eles os que falavam em línguas, transbordantes de fervor espiritual”.
O AVIVAMENTO PÓS-REFORMA
Os Quakers (1647) E Os Shakers (1774-1771). Eram cristãos organizados em grupos distintos, no nordeste da América do Norte, região da Nova Inglaterra. Dos Quakers (tremedores) e Shakers (puladores), diz a História da Igreja, de PHILIP CHAFFE, edição de 1882, que entre esses grupos havia manifestação de dons espirituais. Inclusive línguas estranhas.
A Devoção Germana.
Assim é conhecido o movimento desencadeado na Igreja Luterana, em 1666, pelo pastor Spenner. Já não podendo mais suportar a religiosidade amorfa e apática dos herdeiros de Lutero, clamou ele a Deus, pedindo-lhe uma intervenção mais urgente. Orando e jejuando, milhares de crentes luteranos puseram-se a estudar a Bíblia e a evangelizar os estados alemães. Cada leigo transformou-se num poderoso evangelista.
Os Camisardes. Na França, nos séculos 17 e 18, entre os Camisardes, chamados de “calvinistas das cavernas”, o “falar em línguas” era “algo comum”, com casos tanto de línguas totalmente desconhecidas como de manifestação do dom de variedade de línguas, com crentes falando em latim e hebraico quando em “estado de êxtase espiritual” sem terem conhecimento qualquer dessas línguas.
O Avivamento Dos Morávios.
Conde Zinzendorf a uma comunidade, os colonos dessa região não conseguiam viver em paz. Achavam-se eles, à semelhança dos coríntios, divididos em partidos e grupos. Zinzendorf, contudo, pôs-se a orar para aqueles irmãos vivessem de fato como irmãos.
No dia 12 de maio de 1727, todos os grupos, deixando de lado suas diferenças e velhas rixas, resolveram agir como Igreja de Cristo. Tinha início, naquele momento, um dos maiores avivamentos de todos os tempos. Eis o que escreve um historiador “Desde aquele tempo houve admirável efusão do Espírito Santo sobre esta venturosa Igreja, até o dia 13 de agosto, quando a medida da graça divina parecia transbordar completamente [...] Todo o dia trazia alguma nova bênção. O Conde se pôs a visitar os irmãos. Este foi o começo daqueles pequenos agrupamentos que foram depois chamados ‘grupos de oração’”.
Coroando aquele avivamento, Deus levanta os morávios. À semelhança dos primitivos cristãos, saíram eles a conquistar o mundo para Cristo. Chegaram à Groelândia, às Índias Ocidentais, às Américas, à África do Sul, à Ásia, e à Austrália. Os morávios arrebataram multidões de almas das garras de Satanás.
Um crítico dos morávios, dirá que via “frequentemente” em seus cultos os morávios caírem em êxtase espiritual, com “estranhas convulsões e posturas não naturais”, proferindo “linguajar desconexos” de forma “exuberante e irresistível”.
Finlândia. Na Finlândia, no século 18, durante o avivamento que impactou os luteranos naquele país, a glossolalia é registrada.
O AVIVAMENTO WESLEYANO
João Wesley (1703-1791) é uma prova incontestável do quanto pode Deus operar na vida daqueles que, sem reservas, se entregam a Ele. Insuspeitos historiadores são unânimes em afirmar que, não fora o avivamento wesleyano, a Inglaterra certamente enfrentaria uma provação tão calamitosa quanto à Revolução Francesa.
“O Movimento ‘revivalista’ de Wesley influiu muito nas chamadas Igrejas Livres da Inglaterra; presbiterianos, congregacionalistas e batistas. A vida inglesa passou por uma profunda transformação em sua moral privada e pública. O nome de Wesley ficará para sempre como o do grande pregador que ‘revitalizou’ a vida religiosa e moral dos ingleses”.
O evangelista João Wesley é considerado um dos mais autênticos pais do Pentecostalismo. A experiência do coração ardente foi, na verdade, o recebimento do batismo no Espírito Santo. Conta-se que Wesley “permitia que houvesse um espaço para uma contínua manifestação de milagres de tal modo que [conforme as suas próprias palavras] Deus ainda agora ouve e responde às orações, indo além do curso ordinário da natureza”. Em uma carta escreveu Wesley sobre o que aconteceu com uma mulher em uma de suas reuniões, sob o poder de Deus: “caiu tremendo no chão” a “bradou alto, mas sem qualquer articulação, com suas palavras [simplesmente] aflorando”. Seu amigo Thomas Walsh, em seu próprio diário, dirá em 8 de março de 1751 o que se segue: “Nesta manhã, o Senhor me deu uma língua que eu não conhecia, elevando a minha alma a Ele de uma maneira maravilhosas”.
Os metodistas pugnavam por uma vida santa, e muitos tinham dons espirituais e falavam em línguas. O movimento avivalistas metodista começou em 1739, em Londres. Foi no Metodismo que teve maior expressão e vulto o Movimento da Santidade, na América do Norte, entre determinadas igrejas tradicionais, após o início do século XIX, do qual quase um século depois, surgiu o atual Movimento Pentecostal.
OS GRANDES AVIVAMENTOS AMERICANOS
O Grande Despertamento. Tendo início em 1735, o avivamento alastrou-se por toda a América, preparando o povo para as tempestades que já apareciam no horizonte daquele imenso continente. Neste empreendimento, Edwards contou com a ajuda do eloquente pregador inglês Jorge Whitefield. Sobre este período, discorre William Conant: “A pregação do Evangelho era acompanhada do poder mais admirável em toda a parte de Nova Inglaterra; e os avivamentos deram nova vida e multiplicaram membros para as igrejas, em maior número de cidades do que podemos assinalar neste pequeno espaço, por todo o Estado de Nova Inglaterra e Estados do Centro”. “Os novos convertidos eram fervorosos em espírito. Eles tinham paixão pela salvação de almas. Empreendimentos nunca vistos foram empregados imediatamente para a divulgação do Evangelho”. Este é o testemunho de Edwards: “Havia notáveis sinais da presença de Deus em quase toda casa. Era um tempo de alegria nos lares por causa da salvação que neles entrava; pais se regozijavam pela conversão dos filhos; esposos, pelas esposas; e esposas pelos esposos. Os passos de Deus eram visíveis em seu santuário. Os domingos eram um deleite, e os seus tabernáculos eram cativantes”.
O Avivamento De BRAINER. Enquanto se dedicava à conversão dos índios, BRAINER pôs-se a orar por um avivamento que viesse a sacudir os americanos da letargia em que se encontravam. Suas orações foram ouvidas em 1745, começou a relatar em seu diário as etapas do que Deus começou a operar não somente entre os aborígenes da América como também entre os homens brancos; afinal, todos precisavam desesperadamente de Cristo. Não fora o despertamento de David BRAINER, a tragédia entre os índios americanos teria sido bem maior. Mas aprouve a Deus intervir, a fim de que muitos homens de pele vermelha viessem receber a Cristo como seu pessoal salvador.
Os IRVINGITAS. LÍDER EDUARD IRVIN (1822-1834), presbiteriano, da Igreja Escocesa de Londres. Irving testemunhou entre outros fatos, que, em 1831, uma irmã solteira, por nome Hall, cheia do Espírito Santo, falou em línguas num culto de oração.
D.L. Moody (1837-1899). Poderoso evangelista e avivalistas norte-americano. Ele era batista e pregava a salvação em Cristo de modo direto e objetivo. Pregava a plenitude do Espírito Santo e uma vida cristã cheia de poder do Alto. Acerca de sua marcante cruzada evangelística de Londres, em 1873, escreveu Robert Boyd: “Moody pregou à tarde no auditório da Associação Cristã de Moços, em Sunderland. Em pleno culto houve manifestação línguas estranhas e profecia. O fogo espiritual dominava o ambiente”... São dele também estas palavras: “Quando fui aos quartos da Associação Cristã de Moços em Victoria Haal, Londres, vi que o culto estava pegando fogo. Os jovens estavam falando em línguas e profetizando. O que será que aquilo significava? Apenas que Moody lhes falara naquela noite”.
O Movimento Da Santidade. O Movimento da Santidade, que diante de Deus buscava uma vida de maior santidade, consagração e plenitude do Espírito, conforme as promessas dEle nas Santas Escrituras para o fim dos tempos. Esse movimento era liderado pela Igreja Metodista, na América e na Europa. E tal busca, em oração e jejum diante de Deus resultou em avivamentos locais em diferentes pontos dos Estados Unidos e da Europa, principalmente na Inglaterra.
CARLOS FINNEY. Foi inicialmente presbiteriano; depois, se tornou ministro congregacional. Ele foi batizado com o Espírito Santo – como ele mesmo relata – e tornou-se um poderoso evangelista, que, a partir de meados do século XIX, nos Estados Unidos, muito contribuiu para o despertamento espiritual da Igreja. FINNEY relata que no momento em que foi batizado no Espírito Santo, literalmente “berrou” algumas palavras que definiu como “coisas inexprimíveis que saíam da minha alma”.
O AVIVAMENTO PENTECOSTAL
CHARLES FOX PARRAM (1873-1929).
Parham converte-se aos treze anos, na Igreja Congregacional.
Era um pregador metodista wesleyano norte-americano, do Movimento da Santidade, alugou em prédio residencial em Topeka, Kansas, e instalou nele a Escola Bíblia Betel, visando o preparo de missionários para outras terras. Parham fora antes pastor metodista em Kansas.
Já no século XX, na noite de 1º de Janeiro de 1901, os alunos da Escola Bíblica Betel se reuniram para orar, liderados pelo seu diretor, o pastor Parham, que chegara de viagem no dia 31 de dezembro, após ministrar a Palavra de Deus noutros lugares. Nessa reunião, próximo da meia-noite, Jesus batizou com o Espírito Santo a aluna Anes Ozman, metodista, que já servia ao Senhor em trabalhos da sua igreja.
No dia 3 do mesmo mês, mais doze alunos foram batizados com o Espírito Santo, com a evidência inicial do falar noutras línguas. Nos dias seguintes, mais 34 alunos receberam a mesma bênção do alto. A escola tinha quarenta alunos, ao todo. De Topeka, Kansas, a mensagem do batismo com o Espírito estendeu-se a Houston, no sul do Texas, e daí chegou à Rua Azusa, em Los Angeles.
Rua Azusa.
Os historiadores que se ocupam do Avivamento Pentecostal do século 20 são unânimes em mencionar a Rua Azusa, em Los Angeles, Califórnia, em 1906, como o centro irradiador de onde o avivamento se espalhou para outras cidades e nações. Em verdade, a Rua Azusa transformou-se em poderosa fogueira divina, onde centenas e milhares, de todos os pontos da América, atraídos pelos acontecimentos, iam ver o que se passava, eram batizados com o Espírito Santo, e levavam para suas cidades essa chama viva – o batismo com o Espírito Santo.
O Edifício Na Rua Azusa: Em um edifício de forma quadrangular, que anteriormente servira como armazém de cereais, reuniam-se milhares de homens e mulheres sedentos pela graça divina, clamando por um avivamento, intercedendo pelos pecadores, desejosos de vida abundante, vida de triunfo sobre o pecado.
W.J. Seymour:
Um dos alunos a matricular-se na escola bíblica de Houston foi William Joseph Seymour (1870-1922), um pastor metodista wesleyano, do Movimento da Santidade, recém-chegado de Los Angeles. Ele era negro, filho de africanos, escravos, residentes em Lousiana – onde trabalhavam nas lavouras de cana – e batistas. Seymour teve, pois, formação batista, mas depois tornou-se metodista.
O pastor W.J. Seymour, que servia nessa igreja, não era pregador eloquente; porém seu coração ardia de zelo pela pureza da obra do Senhor, e sua mensagem era vivificada pelo Espírito Santo. O pastor Seymour pregava a Palavra de Deus, anunciava a promessa divina, o batismo com o Espírito Santo, e, a seguir, sentava-se no púlpito, tendo o rosto entre as mãos, e orava para que Deus operasse nos corações dos ouvintes. O que acontecia então, é inexplicável: o Poder de Deus pousava sobre a congregação; a convicção das verdades divina inundava os corações; o desejo de santidade dominava as almas; e, repentinamente, brotavam os louvores dos corações; muitos eram batizados com o Espírito Santo, falavam em línguas; outros profetizavam; outros ainda cantavam hinos espirituais.
Os Cultos: Os cultos, durante três anos (de 1906 a 1906), iam das dez da manhã à meia-noite. Nesse período, o movimento espalhou-se por toda a América do Norte e atingiu também o mundo todo, posto que dali saíram em pouco tempo missionários para 25 países. Além disso, líderes de igrejas e pessoas comuns, sinceras, de outros países vinham a Azusa Street para observar e testemunhar os fatos, e ali eram batizados com o Espírito Santo, levando a nova mensagem pentecostal a seus países e igrejas.
Os Jornais: A notícia desses acontecimentos foi anunciada em toda a cidade, inclusive nos jornais seculares, que enviaram repórteres para descreverem os fatos.
As Denominações: Os membros das várias igrejas, uns por curiosidade, outros por desejo de receber mais graça do céu, iam ver com os próprios olhos, o que parecia ser obra de fanáticos; todos saíam convencidos de que era um movimento divino, e transformavam-se em testemunhas e propagandistas do Movimento Pentecostal que estava em Los Angeles.
Simultaneamente com o de Los Angeles, outros avivamentos aconteciam na Inglaterra e na Índia. De várias cidades da América do Norte, crentes e ministros, atraídos pelos fatos, foram até Los Angeles, para constatarem a veracidade destes. Quando esses visitantes voltavam às suas cidades, eram como tochas a arder e a espalhar o fogo de Deus.
Dentro em pouco os grandes centros urbanos norte-americanos foram alcançados pelo avivamento. Uma das cidades que mais se destacaram e se projetaram no Movimento Pentecostal foi Chicago. As boas-novas do avivamento alcançaram, praticamente, todas as igrejas evangélicas da cidade. Em algumas, houve oposição da parte de uns poucos, porém o avivamento triunfou.
O avivamento, além de outras características que o recomendavam, destacava-se pelo espírito evangelístico e pelo interesse que despertava por outros povos, isto é, cada um que se convertia, transformava-se também, em missionário.
F.B. Meyer. O célebre batista inglês FRÉDERIQUE BROTER MAIER (1847-1929), sobre o qual Spurgeon disse certa vez “Ele prega como um homem que viu Deus face a face”, cria na contemporaneidade dos dons espirituais e testemunha casos de sua manifestação em seus dias.
Martyn Lloyd-Jones. Célebre pregador congregacional enfatiza aos seus colegas não-pentecostais que “temos de para de dizer que o aconteceu no Dia de Pentecostes aconteceu uma vez para sempre”, pois “não foi assim, foi apenas o primeiro de uma série” que se estende na história do cristianismo.
Vejamos Os Fenômenos Comuns que ele enumera em muitos casos de avivamentos históricos:
“pessoas tremendo de poder”.
Outras “literalmente caindo prostradas” ou “até mesmo desmaiando”, estando “completamente inconscientes do que se passa ao redor”, parecendo estar “incapazes de ouvir ou ver o que está acontecendo à sua volta”.
“um estado de transe”
Outras pessoas vivenciando “fenômenos mentais”, recebendo “um extraordinário dom de oratória”, com elas “subitamente começando a orar com muita eloquência e com muita riqueza de linguagem extraordinária da qual nunca antes foram capazes”.
Outras ainda recebendo “um dom de profecia”, no sentido de receberem “literalmente uma capacidade de predizer o futuro”;
Algumas recebendo “conhecimento (...) que não pode ser explicado”.
De acordo com ele, a igreja tem a constante “necessidade de poder”;
Pois é esse derramar do Espírito que traz “a súbita consciência de uma gloriosa presença de poder e um senso de glória”.
Ele traz também um “elemento de adoração e de ação de graças, junto com uma grande liberdade” além de “poder e ousadia para a proclamação da verdade”.
Segundo Lloyd-Jones, esse derramamento “pode ser acompanhado de fenômenos” como o “falar em línguas”, mas “essas coisas nem sempre se repetem” [Ou seja, ele não vincula necessariamente as línguas ao recebimento do batismo, mas distinguia bem as experiências: conversão é diferente de batismo no Espírito].
A mundialmente conhecida e respeitada Enciclopédia Britânica declara: “A glossolalia [o falar noutras línguas] esteve em evidência em todos os avivamentos da história da igreja”
Wilson De Jesus Alves