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HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE

História E Fundamentos Da Psicanálise

 

 

Frases de Freud

“Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro”

“Poderíamos ser muito melhores, se não quiséssemos ser tão bons”

 

O QUE É PSICANÁLISE

A primeira vez que Freud empregou essa expressão, foi em 1896, com o fim de substituir as expressões até então vigentes, que eram método catártico e ab-reação; tais procedimentos eram executados sob hipnose e pela sugestão, e então se passou a centralizar a atividade psicanalítica no método que ele denominou de “livre-associação de ideias”, nome que já diz tudo.

Etimologia:

A etimologia de psicanálise se forma dos étimos psique = alma + aná = partes + lysis = decomposição, dissolução. Literalmente “decomposição das partes da alma”. Decomposição significa “separação dos elementos formadores ou constituintes de algo”.

 

Num primeiro momento, Freud comparou o conceito de psicanálise com o de uma análise química, que decompõe um elemento químico em átomos, moléculas, etc.

 

Definições – A psicanálise definida por Freud:

Um procedimento para a investigação dos processos mentais que, de outra forma, são praticamente inacessíveis.

 

Um método baseado nessa investigação para o tratamento de transtornos neuróticos.

 

Uma série de concepções psicológicas adquiridas por esse meio e que se somam, umas às outras, para formar progressivamente uma nova disciplina científica.

 

Posteriormente, Freud, sublinhou que os seus pilares teóricos e técnicos imprescindíveis eram:

A existência do inconsciente dinâmico.

O complexo de Édipo.

A repressão.

A resistência.

A transferência.

A interpretação.

 

 

 

Análise: É uma forma de reconhecer as distintas partes que compõem a totalidade do psiquismo, principalmente no que se refere aos fenômenos e conteúdos que estejam no inconsciente ou que procedam dele.

 

Diferenças Entre As Terapias.

 

 

 

Psicólogo:

É um profissional formado por uma faculdade de psicologia (curso de duração de cinco anos em média) que o habilita a exercer:

Psicoterapia, em suas diversas modalidades.

 

Psicologia organizacional (em empresas).

 

Aplicação de psicotestes, como um recurso de finalidades diagnósticas e de seleção de pessoal (por exemplo, para obtenção de carteira de habilitação para dirigir).

 

Psicologia educacional (nas escolas).

 

Exercício da psicanálise clínica (desde que complemente a sua formação básica de psicólogo com uma nova, exaustiva e específica formação psicanalítica, em alguma instituição reconhecida).

 

Pelo fato de não ser médico, o psicólogo não pode prescrever nenhum tipo de medicação.

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Psiquiatra.

 

Um médico pode candidatar-se a fazer uma formação psiquiátrica em alguma instituição reconhecida, onde ele fará curso especial que tem uma duração média de quatro anos.

 

Uma vez aprovado, ele estará em condições de exercer psicoterapias e de tratar “pacientes psiquiátricos” (como psicóticos hospitalizados, depressões graves, crises de pânico, drogaditos, etc.) com medicação psicotrópica.

 

Caso o psiquiatra queira tornar-se um psicanalista, deverá ter o complemento de uma completa formação psicanalítica. Assim, na atualidade, um grande número de psiquiatras exercer uma “psiquiatria dinâmica”, mais voltada para tratar dos dinamismos dos transtornos psíquicos, enquanto outro expressivo número deles, em escala crescente de adeptos, dedica-se prioritariamente à “psiquiatria biológica”, com o respectivo emprego da moderna psicofarmacologia e com um respaldo nos conhecimentos aportados pelas neurociências.

 

Psicoterapeuta.

 

É uma denominação mais genérica que designa a condição de um técnico especializado – psicólogo, psiquiatra ou psicanalista – exercer uma função de tratar algum paciente com alguma forma de psicoterapia fundamentada em princípios variados, conforme determinadas correntes que mereçam crédito de idoneidade.

 

Psicoterapeuta: “Se trata de um técnico especialista em cuidar da parte psíquica de seus pacientes”.

 

 

Psicanalista:

Tanto um psiquiatra como um psicólogo que desejam tornar-se psicanalista deverão procurar uma sociedade psicanalítica filiada a uma entidade internacional mater (IPA).

 

Submeter-se a uma seleção rigorosa e, na condição de “candidato”, a uma “análise didática” (duração média de sete anos) concomitantemente com seminários teóricos-técnicos, supervisões individuais e coletivas, apresentação de monografias, comparecimento a reuniões clínicas semanais, participarão em jornadas e congressos, etc.

 

Para a obtenção da condição de psicanalista, no mínimo é necessário que o candidato egresso do Instituto de Psicanálise submeta a uma assembleia a apresentação de um trabalho clínico, com vistas a passar da condição de “candidato” para a de “membro associado”. Daí, se ele desejar, poderá ascender à condição de “membro efetivo” se tiver a aprovação de um trabalho psicanalítico de sua livre escolha. Posteriormente, ele poderá pleiteara a condição de “membro efetivo didata”, em cujo caso, está legitimado a lecionar, analisar e supervisionar outros candidatos em formação psicanalítica.

 

Um psicanalista está habilitado a exercer a psicanálise clínica, com o uso do divã para os seus analisandos, com um maior número de sessões semanais, tendo em vista o propósito de um acesso às regiões profundas do inconsciente que determinam os nossos traços de caráter, conflitos, sintomas, inibições, angústias e transtornos de psicopatologia.

 

A Pessoa Do Psicanalista:

A formação do Psicanalista: Especificamente em relação à formação de um candidato a ser psicanalista, a aquisição de:

Conhecimento: Se faz por meio de seminários de teoria e de técnica psicanalista, de um estímulo ao estudo e a uma leitura continuada e diversificada, o comparecimento a congressos e reuniões científicas.

 

Habilidades psicanalíticas: São desenvolvidas principalmente por um treinamento prático, acompanhado por uma permanente “supervisão” feita por psicanalista data, de larga experiência.

 

Atitudes são obtidas por meio da análise individual que o candidato faz com um analista, especialmente credenciado pelo instituto de ensino de sua sociedade psicanalítica. Além disso, as atitudes psicanalíticas também dependem bastante dos atributos pessoais de cada indivíduo, como pessoa real que ele é, assim como é importante a influência de algum analista professor ou supervisor que o candidato admira e que lhe serve como um importante “modelo de identificação”.

 

AS ORÍGENS DA PSICANÁLISE

Os transtornos mentais – uma síntese histórica:

A pré-história:

Existem arcaicos registros desde o Antigo Testamento, que relatam:

O caráter sádico de Caim.

O alcoolismo de Noé.

A inveja dos irmãos de José contra ele.

A psicose maníaco-depressiva de Saul.

 

Predominava nessa época uma mentalidade voltada para a magia e a demonologia.

 

Os doentes mentais eram exibidos em circos como aberrações ou recolhidos em prisões e masmorras infectas e imundas.

 

Coube a Philipe Pinel e a seu discípulo Esquirol fazerem os primeiros movimentos de humanização, libertando os doentes das algemas.

 

Pródomos da psicanálise: Coincide com a época inicial de Freud, quando vigia no tratamento dos transtornos mentais a utilização de ervas medicinais, alguns calmantes, clinoterapia (repouso no leito), hidroterapia, massagens, estímulos elétricos e o uso empírico do hipnotismo.

 

HIPNOSE/ HIPNOTISMO:

 

Estas duas palavras derivam do termo grego hipnos, que é o nome do deus grego sono, filho da Noite e irmão da Morte. Dessa raiz derivam os vocábulos hipnose, hipnótico (agente medicinal que promove o sonho); hipnotismo (procedimento para produzir – por sugestão – um estado de torpor, de hipnose, que torna o paciente sujeito à influência do hipnotizador. Este método, no passado, (e ainda um pouco no presente) era empregado para curar neuroses.

 

A invenção da psicanálise:

A psicanálise como ciência: Criada pelo gênio de Freud.

 

A partir dos fenômenos que ele observava a aprendendo com os mestres franceses (especialmente o grande Charcot) que praticavam o hipnotismo, Freud decidiu estudar os mistérios ocultos da mente.

 

Seu maior passo foi a coragem de interpretar os seus próprios sonhos e, daí, ele postulou que o “Sonho é a via régia para se ter acesso ao inconsciente”. Isso foi em 1900, data que costuma ser considerada como sendo a do lançamento da pedra fundamental da ciência da psicanálise.

 

Aos poucos Freud foi retificando e ampliando os conhecimentos relativos ao mundo do inconsciente, passando da teoria dos traumas (fatos realmente acontecidos com as crianças, como seduções sexuais, e que ficaram recalcados no inconsciente) para a teoria topográfica (consciente, pré-consciente e inconsciente), daí para a teoria estrutural (Id, Ego e Superego).

 

Simultaneamente, ele foi criando as concepções relativas aos impulsos instintivos, ao narcisismo, os mecanismos de defesa do ego, as regras de técnicas na prática analítica, em uma permanente e continuada escalada de novas concepções, até a data de sua morte, em 1939 em Londres.

 

Sempre fundamentadas na essência dos postulados de Freud, novas escolas de psicanálise foram sendo fundadas, com renovadas concepções modificadas e também originais, que determinam profundas e importantes transformações na teoria e na prática psicanalítica, desde a época pioneira de Freud e seguidores, até a psicanálise contemporânea.

 

FREUD – O PAI DA PSICANÁLISE

 

Nascimento: Sigmund Freud nasceu em Freiberg, na Morávia,  cidade que hoje faz parte da República Theca, em 6 de maio de1856. A mãe de Freud foi a segunda esposa de seu pai e era vinte anos mais nova. Freud tinha dois meios-irmãos que eram cerca de vinte anos mais velhos que ele; além disso, foi o primeiro de sete filhos de sua mãe.

 

Infância: Pressionada por uma crise financeira, sua família mudou-se para Viena. Freud tinha então 4 anos, lá ele passou a maior parte de sua vida, apesar de afirmar que não gostava da cidade.

 

Formação: Estudou medicina em Viena e inicialmente se dedicava à área de neurologia, tanto na clínica como também em trabalhos de pesquisa.

 

Freud teve bom desempenho na escola e por ser judeu – embora mais tarde viesse a se identificar como ateu – frequentou a escola de medicina na Universidade de Viena em 1873 (medicina e direita eram as únicas opções viáveis disponíveis para os homens judeus naquela época em Viena).

 

Desde sua condição de estudante, e cada vez mais, Freud demonstrava uma excepcional erudição, conhecia vários idiomas, ganhou muitos prêmios, inclusive o cobiçado Prêmio Goethe de Literatura.

 

Embora Freud desejasse fazer pesquisa neuropsicológica, conseguir uma vaga em pesquisa era extremamente difícil. Assim, Freud passou para a prática privada com foco em neurologia.

 

O contato com o hipnotismo: A obtenção de uma bolsa de estudos lhe permitiu visitar a França por duas vezes, onde observou atentamente e ficou muito impressionado com os experimentos do hipnotismo.

Durante sua formação, Freud fez amizade com um médico e psicólogo chamado Josef Breuer. Esse relacionamento se mostraria extremamente importante para o desenvolvimento do trabalho de Freud, pois Breuer começara a tratar os pacientes histéricos utilizando a hipnose e incentivando-os a falar sobre o passado.

 

O processo de hipnose, que a paciente de Breuer, Ann O’., chamou de “cura pela fala”, permitia que os pacientes discutissem lembranças das quais não conseguiam se recordar durante o estado de consciência; e, assim, os sintomas de sua histeria podiam ser aliviados. Freud escreveu Estudos sobre a histeria em coautoria com Breuer e, em seguida, viajou para París para aprender mais sobre hipnose com o renomado neurologista francês Jean-Martin Charcot.

 

Em 1886, Freud voltou a Viena e começou a atender em um consultório particular. Originalmente, utilizou a hipnose com seus pacientes de neurose e histeria, mas logo percebeu que poderia obter mais deles deixando-os sentados em posição relaxada (com em um sofá) e incentivando-os a falar sobre aquilo o que lhes viesse à mente (conhecido como associação livre).

 

A partir daí, Freud foi descobrindo o mistério dos transtornos mentais, abandonou a técnica da hipnose, que ele considerava pouco eficaz porque mantinha o paciente em uma passividade, e trocou-a por outras que permitissem um acesso mais ativo ao inconsciente do indivíduo. Dessa forma, Freud acreditava que conseguiria analisar o que foi dito e determinar qual acontecimento traumático do passado era responsável pelo sofrimento atual do paciente.

 

PORQUE FREUD ABANDONOU A HIPNOSE:

 

Freud acompanhou os trabalhos de Charcot e de outros pesquisadores da hipnose (também na França); ensaiou aplicar o método em pacientes seus, em Viena, com resultados muito pouco eficientes, visto que hipnotizava sem convicção e fé neste método e por isso fracassava. Na verdade, Freud estava mais interessado em obter subsídios sobre os mistérios do psiquismo inconsciente que os experimentos hipnóticos lhe propiciavam do que em sua prática clínica. Deste modo, Freud abandonou o recurso da hipnose e o substituiu pela catarse e ab-reação, por meio da livre associação de ideias, o que lhe abriu as portas para a busca da decifração dos sonhos.

 

 

A criação da psicanálise:

Por volta de 1900, Freud criou a Psicanálise.

 

Cabe dizer, não foi Freud quem descobriu a existência do inconsciente, visto que, muito antes dele, muitos filósofos, desde a Antiguidade, e literatos davam evidências claras da existência do inconsciente, porém coube a Freud dar uma dimensão científica, com estudo sistematizado e com aplicação clínica. Durante mais de 40 anos, entre avanços, recuos e transformações, entre seguidores fiéis e outros que dissentiram dele, Freud construiu um enorme edifício da teoria e da técnica da psicanálise.

 

 

Reconhecimento:

Freud foi escolhido como a personalidade mais importante do mundo científico do milênio passado.

 

Centenas de obras foram escritas sobre ele no mundo inteiro.

 

Os trabalhos mais famosos de Freud vieram em rápida sucessão – espaço de cinco anos, lançou três livros que afetariam a psicologia por décadas:

 

A Interpretação Dos Sonhos, em 1900, no qual apresentou ao mundo a ideia de mente inconsciente.

 

Sobre A Psicopatologia Da Vida Cotidiana, no qual teorizou que os lapsos da fala – mais tarde conhecidos como atos falhos – eram, na verdade, comentários significativos revelados pelo “inconsciente dinâmico”.

 

Três Ensaios Sobre A Sexualidade, em que, entre outras coisas, falou sobre o agora famoso complexo de Édipo.

 

Seus livros foram traduzidos em 30 idiomas, tendo sido publicadas, no mínimo 10 biografias sobre a sua vida e obra. Deixou o legado de mais de 300 títulos, sendo 24 livros, mais de uma centena de artigos e uma correspondência avaliada em 15 mil cartas.

 

Perseguição: Perseguido pelo nazismo, migrou para Londres, onde ele viveu seus últimos anos.

Uma das principais mentes científicas da época, Freud se viu recebendo uma atenção indesejada quando, em 1933, o regime nazista chegou ao poder na Alemanha e começou a queimar suas obras.

 

Em 1933, os nazistas ocuparam a Áustria, e Freud teve seu passaporte confiscado.

 

Foi apenas em decorrência de sua família internacional e da influência de estrangeiros que obteve autorização para se mudar para Inglaterra, onde permaneceu até sua morte em 1939.

 

CONCEITOS PSICANALÍTICOS

 

 

Inconsciente.

 

Antes de Freud, os cientistas e filósofos já admitiam a existência de um inconsciente, no sentido da presença de algo que não pertence ao consciente, mas recusavam-se a reconhecer um caráter psíquico, atribuindo tudo que se passava no plano desconhecido da mente aos mistérios do corpo, da alma e do espírito.

 

O inconsciente como região do psiquismo, com leis próprias de funcionamento, é uma descoberta estritamente freudiana. Assim, a partir de Freud, especialmente com a sua concepção da Teoria Topográfica, em que Freud concebeu três lugares da mente:

 

O consciente.

O pré-consciente.

O inconsciente. Sendo que nesta última estariam não só a sede das pulsões instintivas, como também tudo que foi reprimido, como afetos, representações, fantasias.

 

Sexualidade.

 

“Sexualidade”, na obra de Freud, não é o mesmo que “genitalidade”, embora nos primeiros tempos de sua obra, de fato, houvesse uma superposição de ambas que, posteriormente, ele mesmo corrigiu.

 

Assim, em um significado genérico, o conceito de sexualidade alude a alguma forma de libido, alguma estimulação de mucosas e outras partes do organismo que podem, ou não, permanecerem erotizadas.

 

Na atualidade, a psicanálise continua atribuindo um papel primacial à sexualidade, principalmente aos conflitos provenientes do complexo de Édipo.

 

 

Transferência.

 

O vocábulo “transferência” não é exclusivo do vocabulário psicanalítico, porquanto ele é utilizado em inúmeros outros campos, mas sempre indica uma ideia de deslocamento, de transporte, de substituição de um lugar por outro, ou de uma pessoa (viva ou morta) por outra, sem que isso afete a integridade das pessoas em jogo.

 

Embora para a comunidade psicanalítica o termo “transferência” deva ficar restrito ao que se passa no campo analítico, daquilo que o paciente está revivendo e sentindo com o seu analista, é inegável que não há como desconhecer que essa expressão já ganhou grande extensão e uma analogia conceitual com aquilo que se passa na relação médico-paciente, professor-aluno, patrão-empregado, etc.

 

Existem muitas modalidades de transferência; por exemplo, pode ser transferência paterna ou materna, positiva ou negativa, erótica ou erotizada, narcisista ou psicótica, etc.

 

TRANSFERENCIALISMO – CUIDADO:

 

Essa expressão costuma ser empregada para refletir, de forma negativa, aqueles analistas que ainda empregam sistematicamente (às vezes de forma fria) uma maneira esterotipada de trabalhar quase que exclusivamente com a transferência sempre focada na sua própria pessoa, por exemplo, quando seguidamente interpreta na base de: “tudo isso que narrastes, queres te referir a mim, aqui comigo agora, como lá então”.

 

Resistência.

 

Etimologia: Vem dos étimos latinos re (que quer dizer “de novo, mais uma vez”) + sistere (significa “direito de existir”), comprovando o quanto a resistência pode estar a serviço de uma busca de um direito de ser alguém que, de fato, existe!

 

Durante muito tempo o conceito de “resistência” foi considerado pelos psicanalistas com uma conotação negativa porque significava que o paciente se punha a permitir o afloramento dos desejos proibidos que estavam reprimidos, recalcados no inconsciente.

 

Existem, sim, resistências malignas para o desenvolvimento normal de uma análise, que é a oposição de várias modalidades defensivas inconscientes contra qualquer tentativa de tomar conhecimento de certas verdades penosas e, principalmente, contra a possibilidade de vir a fazer verdadeiras mudanças psíquicas.

 

Não obstante isso, na imensa maioria das vezes, as resistências que surgem na situação analítica são bastante bem-vindas pelo analista, visto que elas expressam a forma de como o ego do paciente se mobiliza para enfrentar as suas angústias diante da realidade de sua vida.

 

 

Na maioria das vezes, o paciente resiste como uma forma de se proteger contra os ataques que sofreu no passado (sob a forma de carências, abandono, incompreensão e humilhações, praticadas pelos pais), de forma a, pelo menos, conseguir sobreviver.

 

MÚLTIPLAS RESISTÊNCIAS: São múltiplas e variadas as formas de resistências descritas por Freud: de repressão; de transferência; de ganho secundário; de pulsões do Id; bem como ligadas à compulsão à repetição.

 

OS PRINCIPAIS AUTORES (E ESCOLAS) DA PSICANÁLISE

 

Anna Freud.

Anna Freud nasceu em 3 de dezembro de 1895, em Viena, na Áustria, e foi a caçula dos seis filhos de Sigmund Freud.

 

Apesar de se sentir distante de seus irmãos e de sua mãe, Anna foi muito próxima do Pai.

 

Embora tenha frequentado uma escola privada, afirmava ter aprendido pouquíssimo em sala de aula e que grande parte de sua educação veio por estar perto dos amigos e colegas de deu pai.

 

Após o ensino médio, Anna começou a traduzir a obra do pai para o alemão e a trabalhar como professora na escola primária, onde passou a se interessar por terapia infantil.

 

Em 1918 contraiu tuberculose e teve de deixar o cargo de professora. Durante esse período difícil, começou a contar seus sonhos para o pai. Quando ele começou a analisá-la, Anna rapidamente consolidou o interesse pela profissão do pai e decidiu abraçar a psicanálise.

 

Embora Anna Freud acreditasse em muitas das ideias básicas de Freud, ela estava menos interessada na estrutura do inconsciente e mais interessada no ego e na dinâmica, ou motivações, da psique de uma pessoa. Esse interesse levou à publicação de seu livro inovador “O Ego E Os Mecanismos De Defesa”, em 1936.

 

Em 1923, sem nuca ter obtido um diploma de faculdade, Anna começou a trabalhara na própria clínica de psicanálise infantil em Viena e foi nomeada presidente da Sociedade Psicanalítica de Viena.

 

Em 1938, por causa da invasão nazista, Anna Freud e sua família fugiram do país e se mudaram para a Inglaterra.

 

Em 1941 ela fundou uma instituição em Londres, que serviu de lar adotivo e programa psicanalítico para crianças desabrigadas. Seu trabalho nessa instituição levou à publicação de três livros: Crianças Jovens Em Tempo De Guerra, Crianças Sem Família e Guerra E Crianças. Em 1945, o berçário fechou e Anna Freud criou e dirigiu o Curso e Clínica de Terapia Infantil, um cargo que manteve até a morte.

 

Até seu falecimento em 1982, Anna havia deixado um legado profundo e duradouro nessa área, que possivelmente só foi ofuscado pelo monumental impacto de seu pai e de um punhado de outros psicólogos.

 

Escola freudiana:

Ela foi iniciada por Freud e os pioneiros, seus seguidores imediatos.

 

Após, ficou centralizada em Anna Freud e seus seguidores da Sociedade Britânica de Psicanálise.

 

Anna Freud talvez seja mais conhecida por criar o campo da psicanálise infantil, que forneceu grandes ideias sobre a psicologia da criança.

Ela também é conhecida por desenvolver diferentes métodos para o tratamento de crianças.

 

O enfoque principal reside na existência das pulsões instintivas – de vida e de morte, e, ainda hoje, com uma ênfase centrada nos conflitos edípicos – com as respectivas formações de angústias e defesa do ego, com as inevitáveis consequências no desenvolvimento, na formação do caráter e na normalidade e/ou psicopatologia de qualquer indivíduo.

 

 

Malanie Klein:

Nascida em Viena, em 1882, em uma pobre família judia.

 

  1. Klein, já residindo em Budapeste, teve seu primeiro encontro com a psicanálise pela leitura de um texto de S. Freud e, gradualmente, veio a ser tornar uma figura importantíssima na história da psicanálise não só porque revolucionou o paradigma psicanalítico da época, com a criação de concepções originalíssimas, como também congregou em torno de si um significativo número de psicanalistas importantes, que foram analisados por ela e seus discípulos, o que deu origem à Escola Freudiana de Psicanálise.

 

O seu maior mérito foi o de ter sido a pioneira de análise de crianças, desde a tenra idade, através de um método de acesso ao inconsciente por meio de desenhos, de jogos e de brinquedos.

 

Como o método de M. Klein, voltado para o inconsciente das crianças, se opunha ao de Anna Freud, que era dirigido ao consciente, ambas passaram a se atacar mutuamente, configurando as famosas “grandes controvérsias” no seio da Sociedade Britânica de Psicanálise.

 

Vítima de câncer de cólon, faleceu no dia 22 de setembro de 1960, em Londres, com a sua obra em pleno vigor e que permaneceu vigente, através de eminentes seguidores, até os dias de hoje.

 

Escola de Malanie Klein:

Contribuições Originais:

Criou uma técnica própria de psicanálise com crianças e introduziu o entendimento simbólico contido nos brinquedos e nos jogos.

 

Postulou a existência de um ego rudimentar, já no recém-nascido.

 

A pulsão da morte também é inata e existente desde o início da vida, sob a forma de uma inveja primária, com ataques sádico-destrutivos contra o seio nutridor da mãe.

 

Essas pulsões, agindo desde dentro da mãe, promovem uma terrível “angústia de aniquilamento”.

 

Assim, o incipiente ego da criança lança mão de primitivos mecanismos defensivos.

 

Enfatizou a importância das fantasias inconscientes que acompanham o ser humano, desde a condição de bebezinho.

 

Concebeu a mente como um universo de “objetos” (personagens que foram internalizados) tanto parciais (seio, pênis) como totais (a mãe, o pai, etc., em sua totalidade).

 

Concebeu a noção de “posições” que ela descreveu de “posições esquizo-paranóide” e de “posição depressiva”.

 

Conservou as concepções de Freud relativas ao complexo de Édipo e ao superego, porém as situou em etapas

Bastante mais primitivas do desenvolvimento da criança.

 

Todo o mundo psicanalítico aceita e emprega o que ela descreveu como o nome de “identificação projetiva”.

 

Mudou fundamentalmente a prática analítica, emprestando uma ênfase no emprego do “aqui-agora-comigo” na sistemática interpretação transferencial.

 

Donald Winnicott

Donald Winnicott nasceu na Inglaterra, em 1877 e faleceu em 1971.

 

No início de sua atividade como psicanalista, pertenceu ao grupo Kleniano e, posteriormente, por divergências de ideologia psicanalítica, afastou-se deste grupo e ingressou no chamado “grupo independente” da Sociedade Britânica de Psicanálise”, onde se sentiu livre para desenvolver trabalhos com uma visão própria e original enfocada no desenvolvimento emocional primitivo do ser humano.

 

A Escola de Winnicott. As contribuições de Winnicott, sumariamente, merecem ser destacadas:

Deixou um precioso acervo de uma obra longa, densa e original.

 

A retomada da importância da mãe no seu relacionamento, real, com o filho (M. Klein enfatizava o mundo das fantasias inconscientes muito mais do que a realidade objetiva).

 

O espaço, o objeto e os fenômenos transacionais.

 

A aquisição da “capacidade para ficar só”, por parte da criança;

 

O conceito de falso self.

 

O “papel de espelho” que a mãe representa para o filho, com destaque para a importância do tipo do “olhar materno”.

 

A escalada do sentimento de “dependência” em três fases, que vão de uma dependência absoluta para uma de natureza relativa e, daí, para um estado de independência.

 

Winnicott contribui de forma muito relevante para uma maior humanização da atitude do analista no trato com seus pacientes, notadamente os mais regressivos.

 

Jacques Lacan:

Nascido na França em 1901 e falecido em 1984.

 

Jacques Marie Emile Lacan, médico, psiquiatra, tornou-se um psicanalista que é reconhecido como genial, polêmico e altamente controvertido autor psicanalítico de uma vasta obra.

 

Dono de uma excepcional inteligência e sólida erudição, Lacan utilizou quatro fontes: a linguística (inspirada em Saussure), a antropologia (baseada em Levi-Strauss), a filosofia (inspirada no “diálogo do amo e do escravo”, de Hegel) e, naturalmente, a fonte psicanalítica, de Freud.

 

 

Escola de Lacan:

Na França, há várias sociedades psicanalíticas que se foram formando a partir de sucessivas dissidências ideológicas – e querelas narcisistas – entre seus membros. O conjunto dessas sociedades caracteriza o que se denomina como a pujante “Escola Francesa de Psicanálise”, onde pontificaram nomes de ilustres e originais autores. No entanto, todos esses autores sofreram uma forte influência de Lacan.

 

Como movimento de oposição à norte-americana escola da “psicologia do ego”, à qual acusava de estar deturpando o verdadeiro espírito da psicanálise, Lacan decidiu criar a sua própria escola, com o propósito de resgatar o verdadeiro Freud, através de um retorno, uma releitura de toda a obra Freudiana original.

 

Assim, entre inúmeras outras concepções originais, ele aportou conceitos importantes como a descrição da “etapa do espelho”, com a estruturação e representação do corpo.

 

Os significantes e significados que são emprestados às experiências emocionais.

 

O discurso e os desejos dos pais reforçando na criança ideal de ego prenhe de expectativas a serem cumpridas ao longo da vida toda.

 

O resgate do papel do pai como representante da lei que impõem restrições e limites ao filho.

 

Também na parte técnica Lacan alertou contra as desvantagens de o analista abusar da interpretação sistematicamente centrada na transferência.

 

Destacou a importância de o analista não ficar narcisisticamente envolvido na atribuição do papel de “sujeito suposto saber” que o paciente deposita nele.

 

Lacan também propôs que a duração de uma sessão não deveria ficar presa ao clássico tempo cronológico de 50 minutos em média, mas sim que deveria ser regulado pelo tempo necessário para que se realize no paciente uma “castração simbólica”, ou seja, a passagem do plano do imaginário para o simbólico.

 

Wilfred Bion – Considerado pelo mundo psicanalítico como sendo um dos poucos gênios da psicanálise.

Nasceu na Índia em 1897.

 

Fez sua formação como psicanalista na Inglaterra, passou os últimos dez anos de sua vida trabalhando nos Estados Unidos.

 

Foi paciente e discípulo de M. Klein.

 

Porém criou tantas concepções psicanalíticas originais e consistentes, com um crescente contingente de seguidores, que pode ser considerado como um importante inovador da psicanálise e fundador de uma nova escola.

 

Faleceu em Londres em 1979.

 

A Escola De Bion:

Ele notabilizou-se por trabalhos com “grupos”.

 

Fez relevantes contribuições para o entendimento das psicoses.

 

Fez importantes trabalhos sobre as funções do pensamento, da percepção, da linguagem, da verdades e das falsificações, a concepção da mente composta por partes distintas, por exemplo, a “parte psicótica da personalidade” de qualquer pessoa, etc.

 

A contribuição mais importante de Bion consiste na decisiva ênfase que ele deu ao “campo analítico”, isto é, à permanente e mútua influência que o paciente exerce no analista e vice-versa, com um enfoque nos tipos de “vínculos” e configurações vinculares que unem (ou desunem) a ambos.

 

Carl Jung.

Nascido na Suíça, em 1875.

 

Carl Gustav Jung tornou-se médico psiquiatra.

 

Conheceu Freud em Viena, em 1907, de quem se tornou um importante e prestigiado discípulo, ao ponto de, em 1910, por desejo de Freud, Jung ter sido eleito o primeiro presidente da IPA.

 

Na verdade, Jung tinha bases científicas muito diferentes das de Freud e da maioria de seus discípulos, mercê de sua experiência muito mais ampla com psicóticos e seu vasto conhecimento de mitos, simbolismos, literatura e filosofia de muitas culturas.

 

Decorrido algum tempo, Jung deu claras mostras de que discordava da concepção freudiana da sexualidade infantil, do complexo de Édipo e da libido.

 

O rompimento entre eles começou a tomar forma definida e concretizou-se de modo irreversível em 1914, ano em que fundou o movimento da “Psicologia Analítica”.

 

A principal divergência com Freud é que Jung discordava totalmente da teoria da libido, concebendo-a não mais como unicamente de origem sexual, mas sim como a experiência psíquica de uma “energia vital”.

 

Psicologia Analítica: Suas contribuições mais importantes:

Interpretação caracterológicos (extrovertido e introvertido).

 

Introdução, através do modelo dos “arquétipos”, à noção do “inconsciente coletivo”.

 

Gradativamente, o pensamento de Jung tornava-se mais místico.

 

O MÉTODO PSICANALÍTICO

 

Associação livre.

Essa regra consiste fundamentalmente no compromisso assumido pelo analisando de associar livremente as ideias que lhe surgissem espontaneamente na mente e de verbaliza-las ao analista, independentemente de suas inibições ou do fato de julgá-las importante ou não.

 

O termo “fundamental” era apropriado, pois seria impossível conceber uma análise sem que o paciente trouxe um aporte contínuo de verbalizações que permitissem ao psicanalista proceder a um levantamento de natureza arqueológica dos recalques acumulados no inconsciente, de acordo com o paradigma vigente na época.

 

Nos primeiros tempos, Freud instruía seus pacientes a contar tudo o que lhes viesse à cabeça e, para tanto, ele forçava a livre associação de ideias por meio de uma pressão manual na fronte do analisando. Posteriormente, ele deixou de pressionar fisicamente, porém continuava a exigir a rígida observância de o paciente não reter qualquer ideia a ser comunicada e comprometer-se com a mais absoluta honestidade e outros requisitos, como o do uso praticamente obrigatório do divã.

 

 

 

Abstinência. Abster-se de quê?

Essa regra de Freud consiste na recomendação de que tanto o analista como o paciente devem fazer algumas abstenções de seus desejos durante o curso da análise. Assim, o analista, como um princípio técnico, deve abster-se de fazer gratificações externas, mas particularmente, as que se referem ao que Freud chamava-se de “amor de transferência”

 

Neutralidade. É o mesmo que indiferença?

A essência dessa regra recomendada por Freud aparece na sua famosa “metáfora do espelho”, na qual ele afirma que “o psicanalista deve ser opaco aos seus pacientes e, com um espelho, não lhes mostrar nada, exceto o que lhe for mostrado”. O analista deve ser “neutro”, isto é, não sobrepor os seus próprios valores morais, sociais, éticos e religiosos, e que ele possa se envolver afetivamente com os problemas do paciente, desde que não fique envolvido neles.

 

Na atualidade, pensa-se que o analista deve funcionar como um espelho, porém no sentido de ser um espelho que possibilite ao paciente mirar-se de corpo inteiro, por fora e por dentro, como realmente ele é ou que não é, ou como pode vir a ser.

 

A neutralidade, no sentido absoluto do termo, é uma utopia, impossível de ser plenamente alcançada, até mesmo porque o psicanalista é um ser humano como qualquer outro e, portanto tem sua ideologia e seu próprio sistema de valores, os quais, quer ele queira ou não, são captados pelo paciente e, além disso, as suas palavras e atitudes também funcionam com um certo poder de sugestionamento sobre o paciente.

 

Da mesma forma, os sentimentos contratransferências despertados no analista podem intervir no seu estado de neutralidade.

 

O importante, no entendimento atual dessa regra, é que o analista tenha condições de entender o seu estado mental e de espírito, de modo a poder administrar os seus entendimentos, e não fique envolvido.

 

Atenção flutuante.

Freud estabeleceu essa regra com a seguinte afirmativa: “Não devemos atribuir uma importância particular a nada daquilo que escutamos, sendo conveniente que prestemos atenção a tudo na mesma atenção flutuante”. Com esta frase, ele pretendeu enfatizar a importância de o analista não estar na sessão com pré-julgamentos e com uma escuta selecionada para os assuntos que mais lhe interessam. Semente nessa condição, Freud completava, é que o analista pode atingir a uma verdadeira comunicação de “inconsciente para inconsciente”.

 

Um aspecto importante para o analista conseguir esse estado de “atenção flutuante” é que ele não tenha a sua mente impregnada por memórias, desejos e uma ânsia de compreensão imediata e tampouco que ele fique concentrado unicamente no que seus órgãos dos sentidos (o que vê, escuta, etc.) e o seu pensamento lógico lhe sugerem; de certa forma, ele pode “cegar-se artificialmente” para possibilitar o surgimento de “intuições”, que podem representar uma rica fonte de entendimento daquilo que está oculto no paciente.

 

Análise das Parapraxias (ou atos falhos).

Psicopatologia Da Vida Cotidiana, é um importante trabalho de Freud em que ele descreve com frequência surgimento de ato falho, lapso, chiste e ato sintomático representa, da mesma forma como os sonhos, uma via indireta do inconsciente se manifestar no consciente, em separado.

Ato falho: Refere-se ao fato de que o sujeito tem a intenção consciente de agir de certa forma, porém comete alguma forma de equívoco e faz algo bem diferente que denuncia um propósito inconsciente.

 

Lapso: É uma espécie de ato falho que, mais precisamente, se manifesta através de falhas na linguagem verbal. Por exemplo, um paciente quando queria dizer que usava “fardas” que lhe davam uma certa imponência, sempre cometia um lapso e pronunciava “fraldas”, o que revelava a verdade inconsciente de que, subjacente à falsa imponência da farda militar, existia um bebê assustado às voltas com as fraldas sujas.

 

Chiste: Muitas vezes, através de brincadeiras ou piadas, o sujeito pode estar revelando algum propósito inconsciente, de agressão ou erotismo, por exemplo, que está censurado pelo consciente.

 

Ato-sintoma: Certos sintomas que se manifestam através da conduta (como certas atuações, por exemplo) podem estar representando uma importante forma de comunicação primitiva, não-verbal, de aspectos inconsciente.

 

Interpretação dos sonhos.

Desde a criação da psicanálise e durante longo tempo, o sonho era considerado “a via régia do inconsciente” e, por isso, os sonhos mereciam dos psicanalistas uma profunda investigação, nos seus mínimos detalhes e respectivas associações do paciente, ocupando inteiramente as sessões por dias, semanas ou até messes. Na atualidade, essa técnica de interpretação dos sonhos mudou bastante, por que os analistas conhecem inúmeras outras “vias régias” para atingir o inconsciente dos pacientes, de sorte que, não obstante continue sendo bastante importante decodificar a movimentação psíquica que o sonho representa, o importante é que o analista trabalhe – juntamente com o paciente – os possíveis significados essenciais do sonho, especialmente quando eles estão ligados à evolução da análise, com as prováveis repercussões no psiquismo do analisando.

 

O FUNCIONAMENTO DA PSICANÁLISE – QUESTÕES PRAGMÁTICAS

 

 Setting Analítico – O Enquadre.

 

Definição: Comumente traduzido como “enquadre”, o Setting pode ser conceituado como a soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o processo psicanalítico.

 

Regras: Assim ele resulta de um conjunto de regras, atitudes e combinações, tanto as contidas no contrato analítico como também as que vão se definindo durante a evolução da análise, como o número de sessões por semana, os dias e horários das sessões, os honorários, o plano de férias (às vezes, de certos analistas) no sentido de se fazerem sucessivas modificações em relação ao que foi inicialmente combinado e instituído.

 

Função: Na prática analítica, além das necessárias combinações pragmáticas, o setting visa às seguintes funções:

Criar atmosfera de confiabilidade, de regularidade e de estabilidade.

 

Estabelecer o aporte da realidade exterior, com as suas inevitáveis privações e frustrações.

 

Ajudar o paciente a definir a predominância do “princípio da realidade” sobre o “princípio do prazer”.

 

Principalmente para pacientes demasiadamente regressivos, a regularidade do setting favorece que este paciente desenvolva as capacidades de diferenciação, separação, individuação, e responsabilização.

 

 

Pode se dizer que o setting, por si mesmo, funciona como um importante fator terapêutico psicanalítico, pela criação de um espaço que possibilita ao analisando trazer seus aspectos infantis no vínculo transferêncial, assim repisando antigas experiências emocionais que na época foram mal resolvidas, e, ao mesmo tempo, pode usar a sua parte adulta para ajudar o crescimento daquelas partes infantis.