DANIEL NA COVA DOS LEÕES

DANIEL NA COVA DOS LEÕES

 

Texto Bíblico: Daniel 6

INTRODUÇÃO

Daniel fora alto funcionário do Império Babilônico durante todos os 70 anos da ascendência deste, e agora, já muito velho, provavelmente de mais de 90 anos, é imediatamente encarregado por Dario, conquistador de Babilônia, do governo da cidade. Isto provavelmente porque Daniel predissera a vitória dos medos (5.2).  Foi muita consideração à sua sabedoria, integridade e probidade. Todavia, era inflexível na devoção ao seu Deus (v.10). Que fé! Que coragem! E que velho valoroso!

 

A POSIÇÃO DE DANIEL (6.1-3)

Dario: (v.1). Era um título além de ser um nome próprio, e parece que deriva das palavras persas para “Senhor” e “Rei”. Quem entrou na cidade da Babilônia naquela noite de festa foi Ciro, que mais tarde passou a ser rei (Dn 6.28).

“Cento e vinte sátrapas” (v.1): Assistentes de Dario, pequenos governadores locais da província.

“Para que o rei não sofresse dano” (v.2): Isto é, não tivesse prejuízo financeiro, perda de impostos.  É por isso que Dario queria homens fidedignos como Daniel.

 

A TRAMA CONTRA DANIEL (6.4-9)

A inflexibilidade da lei medo-persa se vê em Ester 1.19; 8.8. O próprio rei era escravo da lei que assinava, isto era o costume do novo império. Se a lei maliciosamente, atingisse ao favorito do monarca,  Daniel, não haveria meios deste livrá-lo, como se verifica nos vv. 12-16.

“Procuravam ocasião” (v.4): A história ensina-nos que eles tinham traído seu próprio rei abrindo as portas para os invasores. Não querem, portanto, que um favorito da velha família real regesse. Daniel foi tão bem sucedido que despertou inveja nos outros administradores e oficiais.

“Na lei de seu Deus” (v.5): Os adversários de Daniel sem querer, afirmam não somente a sua integridade moral, mas também a natureza visível de sua piedade e dedicação ao Deus de Israel. Procuravam um pretexto religioso. O homem sendo cínico, se entrega às ambições de Satanás, “o acusador dos irmãos”, que a própria virtude de sua vítima é considerada motivo justo para liquidá-la. Assim é que os fariseus fizeram com Jesus Cristo e assim é que o pecado dominando a carne faz com a lei de Deus (Rm 7.8-11). A mais angustiosa perseguição que o crente tem que enfrentar é justamente o plano dos homens de fazer sua virtude entrar em choque com o ambiente.

“Concordaram” (6.7): A falsa implicação é que Daniel também tinha concordado com a proposta. Estes oficiais mostam-se hipócritas em sua aparente lealdade a Dario. O esquema deles é a tentativa de manipular o imperador, visando ao próprio desígnio deles.

Este decreto (6.7), que parece ter sido destinado a lisonjear o rei e voltar os olhos de todos para ele, é tão inocente, comparado com o decreto emitido pelo rei Nabucodonosor (3.15) que ele assinou.

“Qualquer deus... e não a ti” (6.7): A proposta pareceria a Dario mais política do que religiosa. Servindo para consolidar a sua autoridade sobre territórios recém-conquistados.

“A lei dos medos e dos persas” (6.8): A imutabilidade da lei destes povos irmãos é confirmada nos escritos extrabíblicos. O efeito do decreto foi criar um conflito para Daniel, entre a lealdade a Deus e a obediência ao governo humano.

 

A ORAÇÃO DE DANIEL (6.10-11)

“Da banda de Jerusalém” (v.6.10); Uma prática sugerida por Davi e Salomão (Sl 5.7; 1 Rs 8.33). O que conservou o fervor religioso do povo na cidade estrangeira foi a esperança da restauração de Jerusalém e da vitória final da religião verdadeira (Ez 40 até 48). Daniel nos dá um exemplo de desobediência legítima às autoridades (cf. Atos 5.29; Rm 13.1,12)

“Se punha de joelhos” (6.10): Ficar em pé pode ter sido uma postura regular em oração (1 Cr 23.30; Ne 9.2), enquanto que a posição de orar de joelhos era reservada para circunstâncias de solenidade específica (1 Rs 8.54; Ed 9.5; Sl 95.6; Lc 22.41; At 7.60; 9.40).

“Como costumava fazer” (6.10): É evidente que os hábitos de oração de Daniel tinham-se tornado públicos.

“Quando soube” (v.10): Parecia que a lei fora planejada a atingir sua pessoa, pois jamais se envergonhara de adorar a Deus; os perigos da hora não abalariam àquele que até então fora fiel.

 

O PROCESSO CONTRA DANIEL (6.12-17)

“Que se não pode revogar” (v.12). O rei não pode escapar à lei que vai condenar ao ser oficial favorito. Ainda não sabe de quem se trata.

“Esse Daniel... dos exilados de Judá” (6.13) – Antisemitismo: Esta identificação étnica de Daniel talvez identifique preconceitos contra os judeus por parte dos outros oficiais de Dario (3.8).

“Não faz conta de ti” (v.13): Uma mentira covarde, veja 3.12.

“Determinou consigo mesmo livrar a Daniel” (6.14): Dario percebeu imediatamente que ele havia se tornado uma vítima de seus próprios oficiais, que queriam que Daniel caísse em uma armadilha. A lealdade de Dario a Daniel permaneceu inabalável.

Cova dos leões (v.16): Uma grande caverna subterrânea (v.24) com uma abertura do topo (v.23) e, provavelmente, uma abertura lateral.

Leões (16): Os persas adoravam o fogo; tinham meios de executar aos réus sem empregar a fornalha (3.6).

“O teu Deus... que ele te livre”: Contra sua própria vontade Dario foi forçado a submeter-se ao decreto. Não obstante ele confia que o Deus de Daniel intervirá em favor de seu servo fiel.

“Selou-a o rei com o seu próprio anel.” Anéis de selar e cilindros de selar eram usados pelos assírios, babilônios e persas. O cilindro de selar era pressionado sobre a argila ainda mole, para deixar nela a marca do proprietário do selo. Romper esses selos era uma violação da lei.

 

A PROTEÇÃO A DANIEL (6.18-28)

Depois de uma noite longa e agitada, Dario voltou a cova pela manhã. Para seu espanto Daniel ainda estava vivo.

“O meu Deus enviou o seu anjo” (6.22): Possivelmente, embora não se faça necessário no contexto, tenhamos aqui uma menção ao Anjo do Senhor.

“Inocência” (22):  Fé perante Deus, fidelidade para com o rei. O respeito mútuo foi sincero (vv. 16, 18, 20, 23).

“O rei... mando” (6.23): Dario podia tirar a Daniel da cova sem violar o decreto, visto que as experiências da lei se tinham cumprido.

“Porque crera no seu Deus” (23). O próprio pagão não podia negar que houvera um milagre pelo qual Deus justificou a fé do seu servo.

Esta punição cruel é típica dos persas (v.24).

“Esmigalharam” (24). Não haja dúvida de que os leões eram mesmo ferozes. Triste é a sorte da vítima da maledicência – muitíssimo pior é o castigo final dos falsos acusadores dos filhos de Deus.

Decreto (6.26). As proclamações que os líderes civis têm feito em favor da religião pouco efeito fazem (3.29; 4.1-3; 5.29). Como nas narrativas Deus mostra a sua soberania mediante o controle sobre a natureza e a história, sobre os reinos e reis. O decreto é um testemunho eloquente ao “Deus vivo” e seu reino indestrutível. Este é um reconhecimento oficial ao Deus de Daniel, embora não reflita necessariamente a fé salvadora por parte de Dario.

“Daniel prosperou” (6.28); Embora o governo imperial tenha trocado de mãos, o favor de Deus sustentou Daniel e de prosseguimento à sua autoridade.