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A GENUÍNA GRAÇA DE DEUS

A GENUÍNA GRAÇA DE DEUS
Texto Bíblico: 1 Pe 5.12

INTRODUÇÃO
Segundo as Escrituras, a graça se manifesta não só da parte de Deus, mas também através dos homens. Neste último caso denota o favor que um homem mostra a outro homem.

I. O QUE É A GRAÇA DE DEUS
1. [Do hb. Hessed; do gr. Charis; do lat, gratia]. Favor Imerecido concedido por Deus à raça humana. Através da graça, o homem é capacitado a compreender, a aceitar e a usufruir, imediatamente, dos benefícios do Plano de Salvação.

2. Os termos hebraicos e gregos traduzidos por “graça”, envolvem um certo número de significações na Bíblia, a saber:

(1) Beleza física, com formas graciosas (Pv 1.9; 3.22)

(2) O favor e a bondade divinos, para com os homens, ou não de um ser humano para com outro (Gn 6.8; 2 Sm 10.2; 2 Tm 1.9)

(3) A glória futura, a vida eterna em todo o seu potencial (1 Pe 1.13)

(4) O evangelho que anuncia a graça divina, em contraste com a lei mosaica (Jo 1.17; Rm 6.14; 1 Pe 5.12)

(5) Os dons espirituais (no grego charísmata) (Rm 15.15; 1 Co 15.10; Ef 3.8).

(6) As virtudes cristãs, como o amor, a liberdade e a santidade, que também podem ser chamadas de “graças” (2 Co 8.7; 2 Pe 4.12).

(7) A edificação espiritual conferida pelo Espírito Santo é uma graça (Ef 4.29).

(8) Ser alguém chamado pera a Graça é ouvir o anúncio do Evangelho, possibilitando-o de receber os seus benefícios (Gl 1.15).

3. Outras Definições:

• “No geral, pode-se dizer que a graça é a dádiva gratuita da generosidade para com alguém que não tem o direito de reclamá-la. De acordo com as Escrituras, só a graça singular de Deus é que pode ser assim definida.” – Raimundo de Oliveira

• “A graça de Deus é o manancial de todas as bênçãos espirituais concedidas aos pecadores.”

• “A graça é algo em Deus que se encontra no âmago de todas as Suas atividades remidoras; é Deus baixando-se e estendendo a mão, inclinando-se desde as alturas de Sua majestade, a fim de tocar e segurar a nossa insignificância e pobreza” – Phillips

• “A graça é o amor que ultrapassa tudo quanto se possa exigir do amor. E o amor que após cumprir as obrigações impostas pela lei, tem ainda inexaurível tesouro de bondade” – Dale

• “Graça – que é graça? A palavra significa em primeiro lugar, amor em exercício para com aqueles que são inferiores ao que ama, ou que merecem justamente o contrário; é amor que se inclina condescendente, amor paciente que perdoa. Depois significa os dons que tal, amor proporciona; e ainda, o efeito desses dons nas belezas de caráter e de conduta desenvolvidas nos que o recebem” – MacLaren

• “Graça é energia – a energia do amor. É a energia remidora do amor, operando naqueles que não são amáveis e tornando-os dignos de ser amados” – Jowett.

• “O amor não tem limite nem lei, como a graça tem. O amor pode existir entre iguais, ou pode elevar-se aos que nos são superiores, ou descer até aqueles que, de alguma maneira, nos são inferiores. Mas a graça, por sua própria natureza, só tem uma direção a seguir: Flui sempre do superior para os inferiores” – Alexandre Whyte

• “A graça é amor operando a redenção; amor que persiste apesar do pecado. Amor descendo ao nível do indigno e culpado”. – Champlin

• “Favor que se dispensa ou se recebe. Favor que os homens não merecem, mas que Deus livremente lhes concede” – Orlando Boyer

II. EXPRESÕES RELACIONADAS A GRAÇA:
1. Graça Atual. De acordo com a teologia católica romana, esse tipo ou função da graça é uma ajuda sobrenatural dada por Deus, capacitando a pessoa a evitar o pecado ou a realizar algum ato (ou atos), que tende à sua salvação – Esse dom é interno, embora também tenha natureza transitória.

2. Graça Comum. Favores administrados por Deus a toda a raça humana, visando a preservação da vida na terra. Entre estes favores, encontram-se o dia, a noite, as estações, a regularidade dos movimentos de translação e rotação, a cadeia alimentícia, o sistema de defesa do corpo humano.
“... para que vos torneis filho do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e vir chuva sobre justos e injustos” (Mt 5.45).
“Contudo, não se deixou ficar sem testemunho, fazendo o bem, dando-vos do céu chuva e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria” (At 14.17).
“Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça” (2 Co 9.10)
“Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais.” (At 17.25)

3. Graça Especial. É a graça obtida mediante a fé no sacrifício vicário do Filho de Deus. Através dela, Deus salva, justifica e adota o pecador como filho (Jo 1.12; Ef 2.8,9).

4. Graça Habitual. Essa graça opera a fim de santificar a pessoa, visto que, sem esse tipo de ato e intervenção divinos, ninguém poderia tornar-se santo. Naturalmente, essa graça requer a cooperação da vontade humana, embora transcenda ao poder da vontade do homem.

5. Graça Irresistível. Essa ideia está ligada a Agostinho e a Calvino, como um dos temas favoritos da teologia da predestinação. Doutrina calvinista, segundo a qual os predestinados para a vida eterna acabarão por ceder, mais cedo ou mais tarde, aos reclamos da graça de Deus. Mesmo que não o queiram, não poderão resistir ao chamado da salvação.

6. Graça Geral. No outro lado da moeda, há aquela doutrina que diz que a graça de Deus é tão poderosa que capacita todos os homens, de todos os lugares, em todos os tempos a reagirem favoravelmente ao evangelho, contanto que a vontade deles concorde com isso. Assim, um homem alienado de Deus, não poderia voltar-se sozinho para Deus; mas a graça geral de Deus garante a real possibilidade do retorno de todos os homens a Deus, e não somente de algum grupo eleito. Essa doutrina é conhecida como “Universalismo”.

7. Graça Preventiva. Doutrina sustentada por Armínio, segundo a qual, ainda que todos nos tenhamos degradado em consequência do pecado, Deus nos restaura a capacidade de crer nas verdades do Evangelho.

8. Graça Santificadora. Segundo o catolicismo romano, esta graça é obtida por intermédio da administração dos sacramentos.

9. Graça Universal. O mesmo que “Graça Comum”.
10. Meios da Graça. Recursos que o Espírito Santo coloca à disposição dos salvos, para que estes alcancem a estatura de varões perfeitos. Eis os principais meios da graça: O Antigo e Novo Testamento, as ordenanças, o serviço cristão, a oração, a comunhão com os santos, o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais, a esperança da Vinda de Cristo etc.

III. O OBJETIVO DA GRAÇA DE DEUS

1. Salvar o homem do pecado.
2. Restringir a ação deste, levando o homem a viver nas regiões celestiais em Cristo Jesus. A graça segundo ensina o apóstolo Paulo, é operado mediante a fé.

IV. A GRAÇA DE DEUS E A LEI DE MOISÉS
1. LEI: Deus proibindo e exigindo (Êx 20.1-17);
GRAÇA: Deus rogando e concedendo (2 Co 5.18,21).
2. LEI: Ministério de condenação (Rm 3.19);
GRAÇA: Ministério de perdão (Ef 1.7).
3. LEI: Condena (Gl 3.10);
GRAÇA: Redime da Condenação (Gl 3.13; Dt 21.22,23).
4. LEI: Mata (Rm 7.9,11);
GRAÇA: Vivifica (Jo 10.10).
5. LEI: Fecha todas as bocas perante Deus (Gl 3.19);
GRAÇA: Abre as bocas para louvá-lO. (Rm 10.9,10; Sl 107.2).
6. LEI: Põe uma grande distância de culpa entre o homem e Deus (Êx 20.18,19);
GRAÇA: Aproxima de Deus o homem culpado (Ef 2.13).
7. LEI: Diz: “Olho por olho, dente por dente” (Êx 21.24);
GRAÇA: Diz: “Não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra” (Mt 5.39).
8. LEI: “Faze e viverás” (Lc 10.28);
GRAÇA: Diz: “Crê, e viverás” (Jo 5.24).
9. LEI: Condena totalmente o melhor dos homens (Fp 3.4-9); GRAÇA: Justifica gratuitamente ao pior (Lc 23.34; Rm 5.6; 1 Tm 1.15; 1 Co 6.9-11).
10. LEI: É um sistema de reprovação (Gl 3.23-25);
GRAÇA: É um sistema de favor (Ef 2.4,5)
11. LEI: Apedreja uma adúltera (Dt 22.21);
GRAÇA: Diz: “Nem eu tampouco te condeno” (Jo 8.11).
12. LEI: A ovelha morre pelo pastor (1 Sm 7.9; Lv 4,32);
GRAÇA: O Pastor morre pela ovelha (Jo 10.11)
V. GRAÇA E MISERICÓRDIA DE DEUS
Os termos “graça” e “misericórdia” representam dois aspectos do caráter e da atividade de Deus que, embora distintos, são correlatos entre si.
“O caminho para o céu não atravessa uma ponte de pedágio, e sim, uma ponte livre, a saber, a graça não merecida de Deus em Cristo Jesus. A graça nos encontra pobretões, e sempre nos deixa devedores” – Toplady.
1. A misericórdia perdoa; a graça justifica (1 Tm 1.13; Êx 34.7)
2. A misericórdia remove a culpa e a pena; a graça imputa a justiça (Pv 28.13: Rm 4.5).
3. A misericórdia salva do perigo; a graça proporciona uma nova natureza (Sl 6.4).
4. A misericórdia liberta seu objeto; a graça o transforma (Lc 10.33,37).
5. Experimentar a graça divina é receber uma dádiva que não podemos adquirir por conta própria, e da qual não somos merecedores – experimentar sua misericórdia significa ser preservado do castigo a que se faz jus.
6. Quando Deus nos perdoa o pecado e a culpa, experimentamos a sua misericórdia – quando recebemos o dom da vida, experimentamos a sua graça.
7. A misericórdia divina remove o castigo, ao passo que a sua graça coloca algo positivo no lugar do negativo.

VI. OS BENEFÍCIOS DA GRAÇA DE DEUS
1. Repartida livremente (Sl 84.11; At 11.23)
2. Dá poder para o serviço (1 Co 3.10; 15.10)
3. Capacita para viver a vida cristã (2 Co 1.12).

VII. O ASPECTO EDUCACIONAL DA GRAÇA DE DEUS (Tt 2.11-14)
1. A Graça Manifesta. A graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. Durante 4.000 anos o mundo existia sem ser revelada a toda a bondade que havia no coração de Deus. A sua santidade, a Sua justiça, o Seu propósito de galardoar os bons, tudo foi revelado – mas a Sua graça, que oferece perdão ao culpado, não era ainda conhecida plenamente. Se a graça divina nunca fora revelada, o pecador teria ficado para sempre sem perdão e sem esperança. O mundo nunca teria ouvido um Evangelho, nem teria Deus recebido a adoração dos gratos remidos.
Onde não há pecado não precisa haver graça. Nem há graça para os anjos caídos, mas somente para os homens convictos e arrependidos. A graça de Deus foi manifestada em Cristo. Em toda a Sua vida, tão cheia de obra de misericórdia, revelou-se a graça de Deus. Porém ainda mais se manifestou na Sua morte como Redentor.

2. A Graça Salva: A graça traz salvação a todos os homens: Não a uma nação predileta, mas ao mundo inteiro se oferece a sua bênção. Essa relação do amor e da compaixão de Deus produz seu efeito – salva do pecado a pessoa que a recebe na sua alma. Não pode deixar de ter uma influência na vida; na medida que a sua suficiência se torna conhecida ao leitor convém desde já verificar em que medida a sua própria vida tem passado sob a influência da graça de Deus. Tem-se verificado um poder salvador nela?

3. A Graça Educa: Somos impressionados pelo estudo do livro da graça divina. Vemos como Deus tem procedido para conosco, apesar de toda a nossa culpa, e sentimo-nos comovidos, e desejosos de renunciar todos os costumes mundanos, vivendo neste presente século sóbria, justa e piamente.

4. A Graça dá Esperança. Ela não somente nos salva e nos ensina, mas nos dá uma esperança gloriosa da Vinda do Salvador. Não merecemos tal salvação, ou ensino, ou esperança; mas reconhecemos que tudo vem de Deus e com a Sua bênção.

CONCLUSÃO. A Graça de Deus:
1. Pode ser tornada inútil (2 Co 6.1; Gl 2.21; Ef 3.7; Hb 2.9)
2. Não é concedida para fins egoístas (1 Pe 4.10).

BIBLIOGRAFIA
Dicionário Teológico – Claudionor de Andrade
As Grandes Doutrinas da Bíblia – Raimundo de Oliveira
Teologia Elementar – E.H. Bancroft, D.D.
Teologia Sistemática Pentecostal – Stanley Horton
Guia do Pregador – S.E.Mcnair
Wilson de Jesus Alves
Bacharel em Teologia